segunda-feira, agosto 29

Uma questão de cor

Ó kapa! Cá estou eu novamente no relato das actividades diárias da minha colónia e amanhã vai ser um dia da treta! Amanhã é terça-feira e é dia de limpeza geral sendo que a Edna será aguardada com impaciência pela dona-de-casa que existe dentro da Ana e com desespero por mim. A Edna é a empregada cá de casa e é um ás com a vassoura e por isso uma vez por semana faço uma espécie de retiro espiritual na minha casota da varanda e, enquanto a fera não vai para casa ninguém dali me tira a não ser em caso de necessidade fisiológica urgente. Sim porque eu não sou como um cão, animal que considero meu rival uma vez que o Pernas Peludas está sempre a dizer que mais valia ter um cão, eu sei o que é uma casa de banho para coelhos!
Mas voltando à Edna que nasceu em Cabo Verde e é completamente castanha excepto no cabelo que é preto e por isso não percebo porque a Rá diz que ela é preta porque é óbvio que só uma parte dela é dessa cor...A Ana, que tem a mania do politicamente correcto, já proibiu a Rá de pronunciar a palavra Preto(a) lá em casa quanto se referir a algum humano africano ou de origem africana, como ela gosta de dizer. A Rá como faz parte do pessoal auxiliar deixou-se disso e agora diz que a Edna é uma pessoa de cor só que não diz qual é a cor porque para ela a cor é preta e para a Ana é castanha e para não discutirem isto ficou assim...Claro que a Rá já disse que não dizia por mal e etc ,mas a Ana fica fula (os fulas são pretos da Guiné não é?) O mais engraçado do meu ponto de vista é que a Rá é no fundo a escrava do Júnior porque é a ama dele mesmo que seja em tempo parcial e o miúdo faz o que quer dela. Se seguirmos a lógica, se é escrava é de certa forma preta o que faz dela uma preta branca. Assim cá em casa temos a Preta Preta que no fundo é castanha, a Preta Branca que no fundo é creme e a Preta e Branca que sou eu! Aposto que não estavam à espera que este relato terminasse assim! Nem eu, e assim já tenho assunto para meditar amanhã...Malditas limpezas!

domingo, agosto 28

Família Biológia

Ontem tive notícias da minha família biológica. Já não sabia nada deles desde Janeiro. O meu pai, o macho fundador, e a minha mãe, a coelha velha, estão bem e a colónia continua a aumentar ao sabor da natureza, se é que uma colónia de coelhos pode ter alguma coisa de natural instalada numa varanda do Barreiro. Já nem me lembro de como era a vida na colónia, agora aburguesei-me e acho que até tenho o tão falado síndroma de coelha única. lol...De qualquer maneira identifico-me muito mais com a minha família de acolhimento ou acudimento como diria uma prima que eu cá sei do que com a biológia. Até porque só consigo definir a minha origem de forma politicamente incorrecta porque sou filha de pai branco e mãe preta, o que faz de mim uma mulata. Bom para quem viu a minha imagem no post anterior faz de mim uma zebra porque sou um bocado às riscas, ou uma vaca porque sou às manchas, ou um cadela Dálmata... Pára Dulcineia, pára! Tu és uma coelha! A Ana para resolver este assunto que tanto me perturba visto que vivo neste mundo multiétnico onde me perco se não me defino diz que sou arraçada de holandês...Só na cabeça dela, que é uma querida, e me quis dar origens mais ilustres pois todos sabemos que os povos do norte da Europa são os mais ilustres. Ai que já estou a divagar eu que não pecebo nada disto. De qualquer maneira, e embora a Ana seja uma boa coelha à maneira dela, tenho dias em que me pergunto como seria ter companhia do meu tamanho e raça (isto sem querer ser politicamente incorrecta, claro!)...Estou a pensar demais, influências nefastas da parte humana da Ana. Dulcineia abana essa cabeça, atira essas ideias para trás das costas e vai mas é gastar as unhas na pasta do Pernas Peludas para ele não se esquecer de quem manda!

Visitas (In)Esperadas


Em Setembro faço um ano e como forma de comemoração antecipada decidi que hoje era o meu dia: iria saltar pela primeira vez para o sofá verde...Sentados já lá estavam a Ana e o Júnior preparados para mais um episódio doUrsinho no canal Panda. Para animar o miúdo lá lhe fui roendo as sandálias e cheirando o pescoço na esperança, claro, que a Ana se risse e me deixasse ficar no meu posto de observação. A coisa estava a correr bem...Festinhas para cá, festinhas para lá e fui ficando! Quando de repente toca a campainha, assustámo-nos os três ( é uma característica nossa: somos muito assustadiços e isso enerva muito o Pernas Peludas) e, quando a Ana recuperou correu para abrir a porta. Um macho adulto, dois machos jovens e uma fêmea adulta...Barulho, barulho, barulho....Refugiei-me logo na varanda....Os amigos humanos são tão barulhentos! Conseguem fazer tanto barulho como o Labrador dos vizinhos do andar de baixo. A Ana lá me apresentou, sempre muito educada, porque foi criada como uma princesa...Os pequenos assim que me viram começaram a dar-me demasiada atenção para não dizer que foram uma chaga do c...Cuidado com a linguagem Dulcineia tu és uma Rainha, é a Ana quem o diz. Foi uma hora de atletismo e no fim lá procurei refúgio dentro do móvel da aparelhagem do Pernas Peludas que por sorte não estava senão os meus sarilhos seriam bem maiores. Os trogloditas não o sabiam abrir, rodearam aquilo tipo mastins e quando estavam quase a desistir o Júnior chega com aquele dedito gordo e toca no vidro no sítio certo e aquela bodega abre. Traidor! Mil vezes traidor! E os humanos claro, na gargalhada. Até o macho adulto que parecia tão interessado em mim...Não fazia ideia que os coelhos fossem tão activos durante o dia, diz com um ar fascinado...Pois é , pois é meu querido se andassem atrás de ti dois monstros ao meio da tarde também eu poderia dizer "Não fazia ideia que os alentejanos fossem tão activos durante o dia". Fiquei passada, tão passada que ainda hoje quando me lembro só me apetece rosnar, rosnar, rosnar!!!

quinta-feira, agosto 25

Apresentação

Olá,
O meu nome é Dulcineia, sou uma coelha anã e vivo com três humanos que são aquilo que são:estranhos. Sim, sou anã o que no meu caso, e ao contrário dos humanos é uma grande virtude,significa que foi aperfeiçoada para ser portátil e desejada por todos os miúdos que não podem ter um cão. Sim, porque não sou um cão! Não ladro, mas rosno, não obedeço a ordens e no fundo sou uma pequena selvagem. Sou ideal para humanos que gostem de desafios e apreciem a liderança num animal de estimação. Pelo menos eu sou assim, quanto às outras coelhas não sei, não tive muitos contactos com meninas como eu, mas essa já é outra história.
Tenho necessidade fazer este diário porque não falo e também porque muitas vezes nem posso pensar o que penso porque a minha "amiga" Ana muitas das vezes consegue ver o que penso e eu não quero magoa-la...Porque há vezes em que só me apetece mandá-la pastar...Sobre a Ana conto escrever mais tarde...Ela é no fundo o que eu conheço de mais parecido com uma coelha como eu! E isso é enervante. Depois há o "pernas peludas"...Esse não me liga a minima e acho que ao longo deste ano nunca me tocou...Tem um medo de mim que se pela, e eu aproveito para ser um pouco mais agressiva quando estou perto dele só para o vêr estremecer...Outras vezes roço-me nele quando está a ver TV...Dá logo um pulo. Homens....BahBah! Finalmente há o ruído "estridente e trepidante". É praticamente da minha idade e ainda não percebeu que sou uma dama e que se me quer ter na mão tem que gritar menos. De qualquer maneira com esse só posso contar dentro de alguns anos...Por agora não vê diferença nenhuma entre uma coelha como eu e os patos de corda da banheira onde toma banho!
E é tudo. Despeçome com uma rosnadela amiga