quinta-feira, março 29

O novo cartaz

Acabou de sair a moçoila da imobiliária que veio colocar o cartaz. Ficámos as duas desoladas. A Ana e eu, claro, a rapariga da imobiliária estava delirante. A nossa mudança parece cada vez mais iminente e começo a perceber que gosto tanto desta varanda como a Ana gosta desta casa e não acredito muito na promessa do Pernas que arranja um jardim só para mim. Sabes, Du, este cartaz veio mesmo a calhar. Pensei que tinha ouvido mal. Mesmo a calhar? Já viste como protege os meus fetos do sol? Todos os anos tinha este problema quando o tempo começava a aquecer. Os fetos não gostam muito de sol e este ano finalmente tenho isto resolvido. Eu sabia que tinha que haver alguma coisa positiva nesta história de vender a casa! (dito com ar triunfante) Fiquei passada. É isto que me enerva nela. Vê sempre alguma coisa positiva nas situações. É isto que enerva o Pernas também e o faz perder a cabeça. Esta atitude positiva absurda e despropositada enerva qualquer pessoa ou animal normal e razoável. Olha, se querias resolver o problema dos fetos já podias ter dito porque bastava pô-los no chão que eu tratava-lhes da saúde e ficavam logo protegidos do sol!

quarta-feira, março 28

As imobiliárias

Com esta história da venda da casa o telefone não pára e não é por causa dos potenciais compradores, não. A Ana colocou um cartaz na varanda no ínicio do mês e desde então é só telefonemas de imobiliárias que estão interessadas em vender a casa cobrando um valor "simbólico" de 5% mais IVA...De qualquer maneira a Ana rendeu-se à ideia (anda muito passiva para o meu gosto) e resolveu aceitar a colaboração (como eles dizem) da imobiliária. Restava escolher o regime: exclusividade ou não. Falou com o Pernas e foi como sempre uma conversa esclarecedora "tu é que sabes, o que for mais rápido, desde que se venda a casa, é preciso é vender...". Assim eu e ela é que tivemos de ponderar e tomar a decisão. Eu disse-lhe logo que preferia a exclusividade de que interessa estar a levar com não sei quantas imobiliárias e vendedores? A nossa situação não ia melhorar. Ainda por cima agora com a desova dela tão perto. Desculpem, com o parto, isto de ver o Nemo sem parar e de fingir que sou um peixe dia sim dia não deixa marcas num animal. E pronto! Agora é só esperar pelo compradores que me vão invadir a varanda sem cerimónias e fazer os comentários mais absurdos sobre a minha existência: O que é que tem aqui? Um rato? Ah, não! É um gato! Não que disparate é um coelho, não ´tava a ver bem. Que giro ele morde? Quem me dera ser um urso para poder hibernar...

terça-feira, março 27

Temos a casa à venda!

O impensável aconteceu. O Pernas conseguiu convencer a Ana de que o melhor seria deixar Lisboa e ir viver para a província suburbana, sim, porque nem sequer vamos viver para o Portugal profundo. A Ana cansada das queixas sobre o trânsito, sobre o stress citadino e sobre a prestação sempre aumentar da casa acedeu. E pronto o Pernas Peludas anda muito mais bem disposto e cheio de ideias de felicidade bucólica. Ele é os passeios ao ar livre com as crianças, ele é a moradia com jardim mais barata que o apartamento actual onde até eu, Dulcineia, vou ser mais feliz. E depois, claro, com o dinheiro que vai sobrar ao fim do mês, porque lá tudo é mais barato, vão poder usufruir de férias exóticas e quiça até comprar um carro topo de gama. A Ana a tudo vai dizendo que sim enquanto dissimuladamente lhe vai passando rasteiras na esperança que ele bata com a cabeça em alguma parede e mude de ideias.

quinta-feira, março 22

Estou viva!







Sim! Estou viva! Apesar de ter verificado que se estão todos nas tintas para este importante facto. Nestes últimos meses em que abandonei completamente o meu diário não recebi um único comentário de pessoas ou animais preocupados pela minha ausência. É assim que estão os meus níveis de audiência! Na prática não quero saber porque o que eu gosto mesmo é de cultivar a minha personalidade pouco atraente. Ou será que quero saber? Não sei. Estou a ficar tão confusa como a Dory do Nemo. Pois é! É o filme que nos acompanha agora a toda a hora. Depois do DVD de Natal do Ruca tive direito à saga do Nemo e companhia non-stop. Agora o Júnior passa a vida a fingir que é um peixe e que o Pernas é um tubarão "simpático"e que a minha gaiola é um aquário e por aí fora. Vão por mim, não é fácil para uma coelha fingir que é um peixe!
E as histórias ocorrem todos os dias, as novidades, as discussões, os imprevistos mas por qualquer motivo não me apetece comentar nada. Estarei a conviver com a minha primeira depressão profunda ou será apenas alergia ao ADSL que o Pernas instalou finalmente? Estará algum psiquiatra animal em linha?