sábado, setembro 19

De como as mulheres são determinadas, casmurras e de como não sabem escolher as companhias e de como um gajo nunca as poderá entender

A Boneca decidiu há alguns meses que não voltaria a dormir na sua cama de grades e passou a dormir com a mãe.

No verão decidiu que queria dormir com o mano mas como a cama dele era pequena foi comprado este beliche. Assim o Júnior passou a dormir em cima e a Boneca em baixo num colchão que não aparece na imagem.

Logo na primeira noite decidiu que queria dormir no tapete. E foi deitada nele que se passou a ser encontrada todas as manhãs. Era para lá que se mudava a meio da noite! Entretanto passou a pedir para dormir directamente no tapete sabe-se lá porquê! Não lhe fizeram a vontade e muito triste queixou-se aqui ao Jonão:


- Não me deixam fazer nada!

Continuou entretanto a dormir no tapete. Levantasse as vezes que forem necessárias e vai para este tapete.


Foi colocada uma grade como esta para impedir que dormisse no chão. Também não funcionou. Todas as noites a meio da noite a Boneca dá a volta ao beliche levando consigo o Ursinho Castanho e o Noddy e lá adormece no tapete.



Invariavelmente todas as noites alguém acorda e volta a levá-la para a cama. Porque é que alguém acorda? Porque o Noddy é um bufo que não sabe estar calado. A meio da noite a Boneca fica por cima dele e esmaga-o e o pérfido boneco em vez de aguentar com um sorriso naquela cara de palerma grita muito alto:
-My name is Noddy!
E acorda o pessoal do aquário...e mesmo assim a Boneca não desiste de o levar sempre nos seus passeios nocturnos.
Vai-se lá perceber as mulheres.

(reparem como estou cada fez mais contido e como posso ser elegante porque na verdade esta minha história facilmente poderia ter descambado para a mais fantástica e ordinária vulgaridade)


quinta-feira, setembro 17

POÉSIA

:)

Estes são uns versitos que me dedicaram no Terra Longe:


ICTUS IONAM

Ictus esse fortunae est — dizia menino
n’Pelourim d’pexe d’Soncent, nas raias da vida
e com tempo e escudos contados.
Liberdade era longe.
Não distinguia
a da mãe,
a do partido que silenciava até as moscas,
a do pescador da galileia e, pior:
a que tens, ó fidge d’terra
— ser peixe, e não ter grande para te comer
nas novas de águas novas
ou ventre abrupto.

Ah, como são profundos os rios espúrios,
os mares de sal e as alegrias de doce e neve...
— balidos descarnados de argo-internautas
sem vinho doce,
o que gosto em ébano e oiro,
abacate fêmea; a natureza das coisas és.
E escuto-me, de avental: hueles muy bien desde mañana…

Ictus, ó ictus, tem sempre este destino.
Antes de ti já o era: Deus também aprendeu
que uns são pão e vinho, e outros
sabor de cachupa
e arte, digo eu:
arte-nós.

Não percebi nada mas enfim não quero ser mal agradecido...agora o que eu queria saber mesmo era o nome da babe a quem ele dedica isto....


O ENFORCADO

Sonhei esta noite que morria.
Tive um orgasmo. Acordei para o Mundo
— esse rameiro de flores que dá mel ao mal .
Testemunha, putrefacta, a essência de tudo
enquanto novas de eternidade revisitam-me.

E queria escrever os poemas que não és capaz de ler
com os teus olhos. Despertar-te para a roça,
sobreviver-te e aos teus sonhos
num grão de açúcar no mar d’Kepóna.

Há uma fronteira que não se cruza, saberias
— o sabor do mar é o nome da saudade.

Sonhei esta noite que morria,
que morria enforcado, docemente enforcado
num laço de poemas, nos poemas que não és
capaz, não chegas para ser capaz de ler.
E tive um orgasmo!
Era teu.

domingo, setembro 13

A Língua Portuguesa é Muito Traiçoeira...

- És mesmo puta, Boneca! Mamaããããã! A Boneca é uma puta!

O Júnior gritou isto a plenos pulmões na sua vozinha infantil num tom mesmo zangado e eu que estava a boiar de barriga para cima fiquei na vertical como se fosse um cavalo-marinho. Não que eu goste de boiar. Só o faço porque me diverte ver a aflição da Ana quando me encontra assim porque pensa logo que bati a barbatana e fui desta para melhor. De qualquer forma mantive-me mais calado que uma alga filiforme à espera da reacção dos ditos responsáveis pela educação do petiz.
-Júnior, isso não se diz ,disse a Ana naquele tom de voz esta porcaria é mesmo importante mas eu vou fingir que uma situação banal e corrente. Não se diz, é feio.
- É feio? Feio é a Boneca destruir a minha igreja que eu estava a construir. Até tinha três torres! A Boneca é uma puta. Mesmo puta
- Não estou a perceber o que é que uma coisa tem a ver com a outra, diz a mãe já com outro olhar (quando é que o miúdo acaba com esta trampa da construção de igrejas?...) ao mesmo tempo que olhava para a apocalíptica Boneca com um certo ar de aprovação, afinal a filha tinha destruído uma igreja!
- Então, diz o Júnior cada vez mais exasperado, na minha escola quando eu faço alguma coisa de mal os mais velhos dizem que eu sou um puto e dizem sai puto, sai. Sai puta! Sai diz ao virar-se para a irmã.
A Ana faz um ar sério, aquele ar tipo se disseres mais alguma coisa vou desatar a rir mas não quero que te apercebas. Eu por esta altura já ria abertamente fazendo baloiçar o aquário (pronto estou a exagerar um bocadinho...)
-Ouve,fofinho não podemos dizer isso.
-Então se os meninos são putos as meninas são putas.
- Fofinho os meninos podem ser putos mas as meninas não podem ser putas (conforme diz isto quase que lhe sai um gargalhada mas controla-se ela lá sabe porquê). Não se diz assim. Há nomes que se pode chamar aos rapazes mas que não se pode chamar as raparigas.
- Não é justo, diz o Júnior. Eu não acho justo.
- É! A vida nem sempre é justa, Júnior, diz ela com um riso atrás da orelha...
Eu concordo. A vida não é justa. Mas é divertida pa caraças!

domingo, setembro 6

O Cérebro do Júnior


- Mamã! Olha o Gormitti que eu pintei!

- Está muito giro...mas diz-me uma coisa porque é que não utilizaste outra cor? Assim ficou todo amarelo.

- Não sei. O meu cérebro é que manda. Ele disse-me para pintar o Gormitti de amarelo e eu pintei. Também não pintei nada nestes dois bocadinhos do joelho, vês?, porque o meu cérebro disse-me para não pintar.

:0

- Agora por exemplo o meu cérebro está a dizer-me para recortar o desenho e colá-lo na porta da cozinha. Tens aí a tesoura?

Começa a recortar o papel...

-Afinal vou colá-lo na porta do quarto da avó! O meu cérebro mudou de ideias (ar cansado). Há vezes que não percebo o meu cérebro. Não percebo porque me manda fazer isto ou aquilo. Mas acho que os cérebros são mesmo assim (ar conformado).

-Há vezes que acho que o meu cérebro não é lá grande coisa (encolher de ombros).

Pergunta minha: Será o Júnior apenas mais um esquizofrénico simpático ou terá herdado as capacidades paranormais da mãe?

Anythougts? Anybody?

quinta-feira, setembro 3

UM PRETO BATEU-ME...

Um tipo que eu conheço, branco, foi um dia destes a um casamento de um camarada de armas e levou a mulher e o filho que tem uns 4 anos.
Um casamento de pretos como ele explicou cândidamente. Cento e tal negros e meio dúzia de pulas festejaram alegremente como se não houvesse amanhã.
Segundo ele a coisa correu bem até porque ele não é nada mas mesmo nada racista. Como prova disso apresenta uma lista grande de pretas e mulatas que diz ter comido à fartazana e agora apresenta mais um comprovativo: a sua presença neste casamento confirmada por convite e fotografia com os noivos.
O problema põe-se aparentemente com o filho dele. Parece que o petiz já nasceu racista.

:)

A criança esteve a brincar o tempo todo com os outros miúdos, todos eles negros, mas a dada altura um deu-lhe uma lambada. Acontece!
Desatou a chorar, atravessou o salão a correr (onde como já se sabe se encontravam cento e tal negros e meia dúzia de brancos) e, quando chega ao pé do pai diz bem alto:

-Pai, um preto bateu-me!

E ficou ali parado a olhar para o pai.

:)

Pagava para ver.