quarta-feira, junho 23

Moving on

Isto dos animais de estimação é uma coisa engraçada. Uma pessoa habitua-se e depois fica com mais tempo livre entre as mãos sem saber o que lhe fazer.

Com a Dulcineia todos os dias tinha que lhe limpar a gaiola, alimentá-la e brincar com ela enquanto resmungávamos as duas contra a vida e os estado das coisas.

O Jonas dava muito menos trabalho. Um aquário, depois de estabilizado, é fácil de manter. E apesar de parecer uma peixe acéfalo, pelas coisas que dizia, não era! E mais importante ainda: gostava de mim.

Levo sempre a mal quando eles morrem e desta vez estou tão zangada que só me apetece arranjar uma colónia de formigas em gel!

Mas sei que não vou fazer isso. I already have my heart set on a sweet little black cat.
Vamos ver come corre desta vez.
:-)

domingo, junho 20

Este blogue está a meia haste

(E não, não é pela morte do Saramago. E não, não vou dizer que é uma enorme perda para Portugal. Perda porquê? A obra está aí. Os últimos livros eram uma espécie de "Saramago para principiantes" e o homem não era nenhum botão de rosa ainda por desabrochar! Tinha quase noventa anos e chegou a hora dele, aliás essa história de a sua morte ser uma grande perda para o país, estivesse ele vivo, e não deixaria ele próprio de ironizar à fartasana.)

Este blogue está oficialmente a meia haste porque o Jonas morreu.
O Jonas morreu depois de três dias a agonizar.
Mas foi o mais resistente dos peixes ao mal do aquário. (Ainda não percebi o que se passou!)
Foi o último a bater a barbatana como ele próprio diria.
Mas já andava doente há algum tempo e nem se deu ao trabalho de publicar a morte do Laranja.
Deixou algumas notas a meio e uma conta de facebook que não sei muito bem o que lhe fazer.
Deixou principalmente saudades.
Era um peixe do caraças e por esse motivo nunca consegui censurar aquilo que ele escrevia como era meu hábito fazer com a Dulcineia.
Via em mim aquilo que a Dulcineia nunca conseguiu ver de e de certa forma libertou-me desta vidinha.

Quero também dizer que o Jonas existia, era real. Muitas vezes era mais verdadeiro do que eu.
Para aqueles que não acreditavam que os relatos dos Jonas eram crónicas vividas venho aqui dizer que tudo o que ele relatou se passou...se bem que não exactamente como ele viu.

Estou oficialmente orfã de animal de estimação. E não, não é uma metáfora!

:(

PS: Jonas, meu querido peixinho preto de olhos salientes e vidrados, já sinto falta das tuas gargalhadas cheias de malandrice.

terça-feira, junho 15

Cuidado com os cocós!


Todos os dias a Boneca recomenda a quem sai de casa que tenha cuidado com os cocós. É assim o expoente máximo da sua demonstração de preocupação para com os outros.

Pode estar a fazer e refazer puzzles, pode estar comer, a ver tv, a salvar o Noddy de mais um perigo...pode estar até mesmo ela a fazer cocó...mas sempre que alguém sai ela diz, com ar de preocupação quase maternal: cuidado com os cocós.


Quando ela gosta dos visitantes do aquário acompanha-os à porta e lança sempre à última hora: cuidado com os cocós.


Imagino que quanto tiver filhos irá substituir o " vai pela sombra" pelo "cuidado com os cocós"... isto se nessa altura algum humano com menos de 18 anos tiver autorização para andar sozinho na rua.


Para a Boneca ter pisado um dia um pedaço de excremento na rua foi uma situação traumática, a sua pior experiência, muito provavelmente, se não contarmos com esta situação. O ter ficado com o sapato sujo, o ter que o limpar, o cheiro, a sentimento de que ficou menos perfeita nesse dia faz com que não deseje isto a ninguém.


É aqui se percebe que os gajos são muito diferentes das gajas porque segundo sei o Júnior também pisou alguns cocós quando tinha 3 anos e se esteve nas tintas para o episódio. Aliás o Júnior quando pisou o seu primeiro cocó ficou maravilhado porque havia já muito tempo que tinha vontade de pisar um mas a mãe não deixava. Tinha vontade de pisar um, tal como tinha vontade de apanhar todas as porcarias que encontrava no chão. Conseguir atravessar uma rua e mudar de passeio com ele era uma epopeia porque as paragens eram mais que muitas para apanhar toda a trampa que havia no chão. Os gajos quando são pequenos levam anos a olhar para o chão e só por acaso olham para céu. Já as gajas percebem que no chão não há nada de jeito e olham directamente para o firmamento: the sky is the limit!


O Júnior queria conhecer o cão que lhe tinha proporcionado a experiência arrojada de pisar o cagalhão e passou a olhar os cães com uma curiosidade de companheiro de transgressões.


A Boneca essa passou a dizer que não gostava de cães, só se fossem cães bons. O que são cães bons para ela? São cães que não ladram (ela não gosta do barulho) e cães que não se aliviam na via pública. Ora aqui reside o prenúncio da eterna insatisfação feminina ela quer mudar a essência do próprio cão para o aceitar enquanto ele, Júnior, agradece ao cão que seja apenas cão.


Pobres gajas...


E já agora, pobres gajos!


Que nunca estarão à altura.

quarta-feira, junho 9

Princesa de calções


À tarde,

- Boneca! Levanta-te...vá lá, dizia a avó.

Nada.

- Não ouves?, insistia ela, levanta-te e vamos vestir o teu vestido de princesa!

Nada.

- Então Boneca? Anda lá vestir-te. Não me digas que não queres ser princesa....

- Oh, vovó! , respondeu a miúda finalmente, Eu quero ser princesa...só que quero ser uma princesa de calções!