quarta-feira, janeiro 15

Frieza feminina explicada

O mundo tremeu com a morte do grande Matrix mas, não tremeu o mundo de todos!

No meio daquela aflição toda, a avó a prestar os primeiros socorros com o animal na palma da mão aplicando-lhe uma suave massagem cardíaca, o Pernas a lamentar-se por ter sido ele a soltar o Matrix, o Júnior a chorar e a urrar completamente destroçado, como só se vê nos filmes italianos a preto e branco ou então nos enterros ciganos e a Ana a fazer já uma súmula do que poderiam ser umas exéquias dignas para um roedor tão aventureiro, esta tipa tem mesmo vocação para cangalheiro, tem tanto jeitinho para os mortos, já para os vivos...Havia uma pessoa que se mantinha calma e impávida: a Boneca!

A Boneca impávida e o Júnior a repetir sem parar "Matei um amigo, matei um amigo...". São tão sentimentais os machos, sejam machos humanos ou não. Nós os machos temos coração!
Passada a comoção dos primeiros dias era inevitável comentar a frieza da Boneca face a tão funesto acontecimento até porque tanta emoção e agitação lhe provocavam olhares de estranheza. Via-se que ela pensava, serão eles normais? Enquanto que eles pensavam será ela normal?

A Boneca lá explicou porque não chorou a morte do Matrix naquela sua vozinha infantil de seis anos mas já no tom muito douto da mulher que será. Aquele tom conciliatório, aquela paciência na voz mas ao mesmo tempo uma assertividade calma que nos faz querer colocar a nossa vida nas suas mãos.

Lá foi explicando docemente empertigada que não chorou, primeiro porque o Matrix não era uma pessoa, depois nem sequer era dela e por último, e esta última estocada de racionalidade provocou mais uns urros e grossas lágrimas ao Júnior, e por último "não fui eu que lhe pus o pé em cima!"

As gajas, como se pode ver aqui e aqui, já nascem cruéis!!!

sexta-feira, janeiro 10

Matrix, o hamster em cativeiro mais livre do mundo

Andava há que tempos para escrever sobre o filho da mãe do hamster sírio que passou a habitar o ecossistema de que fiz parte até partir para o além. As suas aventuras eram tantas que até a mim me deixaram baralhado. Nem sabia por onde começar e assim, fui adiando adiando...
Para principio de conversa, deixem que vos diga que este mamífero esteve sempre ao mais alto nível, com uma prestação à altura deste que vos escreve e quiçá até da grandiosa Dulcineia.
Explorador nato, conquistador de novos espaços, evadia-se da gaiola regularmente tal qual um Houdini de quatro patas, superando todas as artimanhas humanas com intenção de bloquear a porta da sua jaula, sim porque um animal com tanta garra não habita numa gaiola como se fosse um mísero ser vivo com penas, habita sim numa jaula como qualquer leão sem juba. 
Escondia-se durante horas, fazias ninhos de retaguarda, subia para todos os móveis, mesmo os mais altos, escalava aquecedores de onde caía em grande estilo. Roía só o que lhe apetecia e roeu até ser descoberto a base do sofá da sala, que começou a explorar por dentro. Quando queria variar , trepava pelo seu companheiro acima, o amigo Júnior, e faziam juntos o que lhes apetecia...
Foram meses intensos!
Morreu ontem num acidente exploratório, junto ao cortinado que mais gostava de trepar.
Foram-lhe prestadas as homenagens fúnebres devidas aos mamíferos que vivem neste cardume, demasiado grandes para serem enterrados nos vasos da varanda, onde dormem os da minha espécie. Foi a enterrar em caixão de cartão no bosque, ao lado da Dulcineia, levando consigo a sua comida preferida, alguma lã para fazer o ninho no Reino de Hades, e um gorro do Júnior, que fez o favor de roer, até ficar irreconhecível, numa noite de fúria.
Deixou uma família de mamíferos bípedes enlutada e um grande amigo inconsolável. Pobre Júnior...
Amigão, Matrix, que sejas muito bem-vindo! Cá te espero ao pé de mim, neste blogue, cheio de espíritos de animais mortos, mais vivos que muitos humanos vivos.

segunda-feira, janeiro 6

Save a prayer for me now...

Ao Júnior deu-lhe agora para rezar antes de dormir. Faz o sinal da cruz no início e no fim da oração e, apesar de lhe terem dito que não é baptizado, como tal católico, não abdica deste novo hábito.
Preocupado como sempre em não infringir as regras ainda perguntou se era ilegal rezar na sua condição, mas quando lhe explicaram que D´us não se importaria com certeza ,ficou satisfeito porque rezar lhe dá uma sensação de segurança: tem a convicção que D'us assim olhará pela sua segurança e pela segurança de toda a família.
Depois de rezar, deita-se, ajeita os Puffles na cama, garante serem essenciais à sua segurança na medida em que D´us também precisa de ajuda para o proteger e essa ajuda materializa-se ,tendo por intermediários  estas simpáticas criaturas, que de acordo com ele são espíritos que só conseguem ajudar porque têm espírito judaico.
E é assim,  que as coisas vão evoluindo nesta alma ecuménica e ecléctica, que aos quatro ou cinco anos queria ter a sua própria igreja sendo que neste momento reza a la católica a um D´us judaico enquanto sonha em ir viver para os Estados Unidos da América, comprar uma mota e ter por lá o seu próprio tribunal.