domingo, novembro 1

Dia dos mortos, não todos santos


Hoje a Ana acordou antes das cinco da manhã e gritou. Gritou tanto que ficou rouca, ali sentada de olhos abertos, na cama.
A Boneca, que dormia com ela acordou e perguntou porque tinha a mãe gritado.
A mãe respondeu-lhe que tinha tido um pesadelo, tinha visto uma criança ali parada ao lado da cama e que lhe tinha parecido estranho.
A Boneca perguntou se a criança ainda lá estava, a mãe disse que não e a miúda voltou a dormir.
 
(Já que a Ana já estava acordada aproveitou para mandar umas mensagens para o seu amigo imaginário.
Fazia todo o sentido...afinal já que estava a ver coisas... Claro que ele não respondeu, não fosse ele um amigo imaginário à séria.)
 
À noite, a Boneca começou a chorar à hora de deitar porque estava com receio que o menino de ontem estivesse no quarto.
A mãe perguntou que menino.
Aquele que tu também viste e que estava ontem aqui no quarto de joelhos e com um capuz na cabeça. Eu até tapei a cabeça com o lençol e virei-me para a janela só para não o ver. Foi antes de tu gritares, mamã.
 
Olho para a Ana e vejo como fica vermelha com o choque e faz um esforço para não começar a chorar, como a Boneca, que tem lágrimas grossas que lhe descem, pelas bochechas, até à T-shirt branca.
 
Diz, eu vi foi uma menina, mais ou menos da tua idade, mas que parecia mais pequenina. Agora já sei porquê: estava de joelhos....
Eram dois? Pergunta a miúda, de olhos arregalados. Mas e o que estavam a fazer aqui?! 
Não faço ideia responde a Ana. Podemos perguntar se voltarem.
Achas que vão responder, diz a miúda ainda em lágrimas.
Não sei fofinha. Quando era da tua idade havia um menino que ficava sempre no canto do meu quarto, perto do roupeiro. Nunca consegui que me dissesse porque estava ali...até que deixou de aparecer...

Percebem agora porque o Papagaio Gaio bateu a asa?... Esta Malta tem o seu próprio on-going Halloween...