terça-feira, julho 29

A Dulcineia morreu




É verdade e não se trata de mais uma postagem com título chamativo. A Dulcineia de facto morreu. Eram 7.30 da manhã quando cheguei ao escritório para me despedir dela como era habitual. Quando me parecia que tinha muita fome dava-lhe logo a ração. Estava deitada no fundo da gaiola naquela posição que tanto gostava. Toda esticada e de lado como se estivesse a apanhar sol na barriga. Como se estivéssemos nos primeiros dias de primavera. Só que desta vez não piscou os olhos quando me ouviu chama-la. Nem sequer fez aquele ar enfadado. Lá vem esta interromper o meu descanso! Nem saltou para me cumprimentar como fazia quando estava para aí virada. Nada!

Toquei-lhe e ainda estava quente mas já não respirava. Tirei-a da gaiola e enrolei-a numa fralda da minha filha que tinha uma tartaruga cor de rosa aplicada. De certeza que me detestou por isso ela que se insurgia sempre contra a ditadura do cor de rosa imposta às fêmeas.

Ao fim da tarde enterrámos-la no campo, o meu filho, o meu marido e eu. Não foi propriamente uma guarda de honra mas aposto que ela se teria divertido se tivesse visto o meu marido todo transpirado a abrir um buraco suficientemente grande e desta vez a fazer alguma coisa pela "coelha"sem refilar. Calado. Por último marcámos o local com uma pequena placa em madeira com o nome dela.

E foi assim. Tive que me despedir daquele pêlo macio e... daqueles dentões que me morderam tantas vezes e do ruído daqueles passinhos no soalho. Não foi fácil a despedida como não foi fácil o convívio durante estes quase 4 anos nem para mim nem para ela. Imagino se tivesse sido ao contrário. Aposto que teria ficado furiosa comigo e ter-me-ia acusado de deserção. Fula, de certeza que me gritaria aos ouvidos: ao menos podias ter-me avisado que ias morrer, não é!? Tinha muito mau feitio mas como dizia o meu filho " era mesmo adorável".



Quem assina hoje sou eu: a Ana da Dulcineia.





sexta-feira, julho 4

Cocó na Cueca

Por mais anos que passem de convívio com os humanos nunca irei perceber a fixação que as suas crias têm com o excremento! Já falei nisto noutra postagem mas pelos vistos ainda não esgotei o assunto.

O Júnior agora tem uma nova máxima: Cocó na Cueca. Passa o tempo todo a repetir isto. Chega a casa da escola a gritar COCÓ NA CUECA a plenos pulmões. É como se fosse o seu grito de liberdade ao chegar a casa. Depois corre até à minha gaiola e encosta a cara com ar ameaçador enquanto grita com os dentes serrados COCÓ NA CUECA. Passa então ao corredor onde começa a marchar ao som de COCÓ NA CUECA. Outras vezes vai encenando golpes de uma arte marcial imaginária em que cada movimento é acompanhado de um COCÓ NA CUECA. Quando está muito feliz é capaz de dizer COCÓ NA CUECA tantas vezes e tão alto e tão depressa que começa a tossir e a dar gargalhadas ao mesmo tempo.

Eu já nem pergunto se isto é normal. Nem pergunto se isto passa porque sei que sim, afinal os humanos adultos não têm este comportamento. A minha pergunta, que vai dirigida aos animais domésticos com mais experiência é a seguinte: esta obsessão por fezes é exclusiva do género masculino ou devo esperar uma repetição assim que a Boneca começar a falar? Aguardo...