sexta-feira, novembro 10

Os amigos, esses inúteis

A Ana não tem amigos. Todos sabemos isto e já por aqui tem sido falado, por mim, e pelos meus antecessores escribas. Quanto muito poderíamos dizer que a ter amigos serão como aqueles bons amigos a que se refere o Miguel Esteves Cardoso, que nunca são para as ocasiões e o que ele curiosamente vê como uma vantagem. Fala ele dos amigos que são para sempre e para quem a "ideia utilitária da amizade, como entreajuda, pronto-socorro mútuo, troca de favores, depósito de confiança, sociedade de desabafos, mete nojo." 

 A meu ver, este tipo de amigos, é perfeitamente inútil. Estes não servem para nada. Mas deve ser o meu sangue tropical a falar...


Este conceito, no caso da Ana, é levado ao extremo e assim seja qual for a ocasião que se apresente está, obviamente, livre da presença de amigos. Assim vejamos o que faz a Ana quando precisa de ajuda: ou é ajudada por um completo desconhecido que naquela momento lhe dá uma mãozinha solidária ou contrata alguém ou mais frequente ainda cerra os dentes e ajuda-se a ela própria. 

Passam-se meses sem que o telefone toque e seja um amigo. Normalmente é alguém a tentar vender qualquer coisa ou então é engano. Mas ontem o telefone tocou e era um amigo! 

- Ê pá! LIguei-te por engano, ouve do outro lado. Mas olha se quiseres falar podemos falar, continua o vozeirão do outro lado, é daqueles amigos que falam a gritar, como se estivessem numa parada. 
Claro que quer falar, vai lá perder esta oportunidade... 
- Ê pá! Mas se quiseres falar tens que me voltar a ligar pá.Tenho um tarifário de merda agora. 

É claro que ela devolve a chamada, para falar. Falar com um amigo da Ana normalmente significa que o amigo fala sem parar do que fez, do que faz, do que está a fazer, do que lhe fizeram, do que irá fazer, até esgotar o assunto. E foi o que aconteceu. Eles falam e ela limita-se a umas interjeições que incentivam ao "diálogo". Ontem foram 35 minutos de "conversa". 

Depois de desligar ficou ali a rir-se da situação. Das relações que (não) consegue estabelecer e da vida. Os meus " amigos" não são assim tão inúteis se me fazem rir. Certo Jonas? 
E é isto.

terça-feira, janeiro 17

Reunião na escola da Boneca

O Pernas não podia ir e a Ana lá teve que retomar a ida às reuniões de avaliação, de final de período, da Boneca.
Agora que o Rufino já não é colega da turma, ficou retido, a Ana perdeu a motivação. Desde o infantário que a mãe do miúdo cigano se sentava ao pé dela. Tudo o que fosse importante ela tinha que escrever para dar àquela mãe, que dizia não saber escrever.
Agora, sem esta missão ficou perdida e não se consegue concentrar.
Por exemplo, estes são os apontamentos da reunião do primeiro período:


Nota-se o esforço no início da reunião...Qualquer coisa sobre o Carnaval que já não apanhei...ahahahahahahaha

Segue-se qualquer coisa sobre crescer saudável. Os pais fazem os fatos. Aqui houve um momento de pânico e de repente ela ficou atenta. Da última vez que isto aconteceu, em que os pais tiveram que fazer os fatos,  a Boneca ainda andava no infantário e o fatos ficaram tão ridículos que o Júnior em pleno desfile, vestido de laranja, desatou à pancada com outro miúdo vestido de banana, que o tinha provocado. O fato do outro miúdo tinha sido, obviamente comprado on-line por um balúrdio, enquanto que o do Júnior consistia em duas cartolinas que lembravam vagamente uma laranja, presas nos ombros.

Vocês não sabem, mas eu sei, falta o último item sobre a festa de final de ano, sim já há data! Ela nem apontou propositadamente porque já está a pensar numa maneira de se escapar a um dia inteiro num parque com um monte de pais, cheios de vontade de mostrar que fazem todas as actividades propostas com muito prazer com o seus filhos. Ela quer lá saber de andar em estafetas parvas! Pronto! Lá esta...não é boa mãe...