sexta-feira, dezembro 12

Um Falso Natal

Este ano, por motivos profissionais, sigo de perto uma campanha de Natal de recolha de brinquedos, vestuário e equipamento para crianças carenciadas.

Tudo, como é evidente, dentro de Espírito de Natal.

As pessoas dão imensas coisas e sentem-se bem por isso. Acham que fizeram a sua boa acção anual mas em muitos casos limitam-se a esvaziar a casa ou a arrecadação de toda a tralha que juntaram durante anos.
Que generosidade será esta em que se dá aquilo de que se não precisa? Em que não se dá como se gostaria de receber...

O que se passará pela cabeça de um pessoa quando entrega uma cadeira bebé, para automóvel, tão suja que nem para cesto de cão vadio serviria?
E o que dizer da entrega de bonecos tipo "doudou" tão cheios de nódoas e porcaria? Os exemplos são muitos.
Para que houvesse verdadeira dádiva os artigos seriam entregues limpos, impecáveis. Usados mas tratados como se estivessem prontos para receber mais um bebé lá de casa. Acho eu.

Eu não gosto do Natal.
Até porque ele nem existe.

quarta-feira, dezembro 10

Tristeza

A minha Branquinha está triste e disse-me que não é por causa do abominável Natal.
Está triste e pronto. No entanto disse-me para não me preocupar porque é uma tristeza criativa. Seja lá o que isso for.
Desabafando eu também tenho que dizer que nestas alturas dava muito mais jeito que eu fosse um homem e não um peixe. Talvez assim a conseguisse consolar...ou não!

Pensando bem, acho que estou melhor assim...Estas gajas são muita complicadas!

sexta-feira, novembro 28

A Amadora Conta?

Um destes dias durante uma pausa no serviço a conversa foi parar aos imigrantes e à imigração. Um dos meus colegas, que é super divertido, e a quem perdoo todas as afirmações polémicas, que acabam por nos fazer rir até às lágrimas disse:
- Pois é, people, há zonas de Lisboa em que um gajo pensa que não está Portugal. É só p...
Aqui pára, olha para mim a pedir ajuda porque quer evitar aquela palavra que quer sair. Eu ajudo e digo já meio a rir:
-É só minorias étnicas.
Claro que esta afirmação provoca muito mais gargalhadas nos outros do que se ele dissesse o que estava a pensar.
- No outro dia fui ao Babilónia e aquilo estava cheio de lojas de p..., olha de novo para mim com ar divertido, está cheio de lojas de minorias étnicas. Supermercados, cabeleireiros, é o caraças. Pá até parece que um gajo está em África!
- A Amadora conta? é o que se ouve quase em coro na sala assim que ele termina a frase já com o pessoal todo a rir à gargalhada. Quem é que não viu esta peça dos Gatos Fedorentos com o Professor Chibanga a fazer a pergunta? É de facto hilariante.

Esta história da "Amadora conta?" levou-me de imediato para uma outra história que se passou comigo na Amadora no inicio dos anos 80...
Aproveitando o feriado municipal de Cidade Satélite, no tempo em que até as escolas faziam ponte, rumei à Amadora onde vivia uma das minhas tias para um fim-de-semana prolongado (o que não era de todo um hábito). Fui ter com ela à Escola Secundária onde trabalhava. Cheguei cedo e tive que esperar dando uma volta por lá. Recordo-me que estava muito nervosa/curiosa porque estávamos no final do ano lectivo e no ano seguinte eu iria passar do Ciclo Preparatório para a Escola Secundária (para o 7º ano unificado como se dizia na época).
Fui até ao campo de jogos onde decorria um partida de andebol. Jogos de equipa nunca foram o meu forte se exceptuarmos o futebol ou o rugby. Assim quando me convidaram para jogar recusei dizendo que não me podia demorar. Voltaram a insistir mais tarde, deviam ter mesmo falta de um jogador, e disseram-me que se mudasse de ideias só tinha que dizer.
A dada altura vi a minha tia ao longe a fazer sinais para ir ter com ela, despedi-me do pessoal do jogo e lá fui toda satisfeita. Afinal ir para o Liceu não seria assim tão mau. Ela, que afinal de contas me tinha tido sempre debaixo de olho sem que eu soubesses, assim que me aproximo diz com um ar pesaroso:
- Então foste pedir para jogar e não te deixaram jogar...
- Não. Eles é que me convidaram, disse eu.
A minha tia arregalou os olhos incrédula.
-Eles queriam que tu jogasses com eles!? Filha isso não é normal. Aqui nesta escola há uma grande rivalidade entre brancos e pretos. ( Escusado será dizer que mais uma vez nem sequer me passou pela cabeça pensar neles como pretos ou brancos. Era uma classificação que eu ainda não tinha interiorizado. E lá tive que levar com a questão racial sem estar mesmo nada à espera.) Aqui os pretos só se juntam aos brancos para andar à pancada. Como é que é possível? Pediram-te para jogar? O que é que eles viram em ti?
Não se calava com isto. Olhava para mim com um ar curioso, perplexo, como se de repente tivesse descoberto que a sua sobrinha era encantadora de serpentes ou domadora de leões. Aquilo já me estava a enervar até porque não acreditava que as coisas fossem assim tão radicais.
Mas o pior ainda estava para vir porque optou por contar isto tudo à família toda sempre com um ar de quem tinha presenciado um milagre qualquer e queria passar testemunho. Fartei-me de receber olhares do tipo "esta miúda não é normal"...
E foi assim que ganhei fama de Negro Lover ... É que nem dá para acreditar!...

quarta-feira, novembro 26

São pretos

O Júnior partiu o coração à Ana e não foi porque ela teve que ir novamente com ele para o Hospital de Santa Maria, pela segunda vez em 5 meses, por causa de mais uma brincadeira mal calculada. Não. O problema é que o miúdo está naquela fase em que começa a pensar por ele próprio e como já seria de esperar não pensa como ela em algumas coisas. E isto provoca-lhe uma certa melancolia.

Um noite destas, pedagogicamente, os dois comentavam os artigos da Newsweek desta semana, quando ouvi a Ana dizer apontando para uma fotografia:
- Olha Júnior, este é o novo presidente dos EUA. E esta é a sua família. Os EUA é o país onde mora a tia. Já viste?
O Júnior olhou com ar meio desinteressado, maçado e lança a bomba:
- São pretos, e volta para o desenho que estava a fazer de uma máquina de não sei o quê.
O "são pretos" foi dito num tom pouco simpático, de descaso, semelhante ao tom que utiliza para se referir às meninas e às suas brincadeiras pouco interessantes e até mesmo patetas. Para ele as meninas são mais do que de um género diferente são mesmo uma espécie à parte.
- Então se eles são pretos tu és o quê?, pergunta a Ana.
- Eu sou claro!, diz como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
- Claro, resmungou a Ana...Eu acho que se eles são pretos tu és branco, não é?
- ´tas tonta , não? Eu não sou branco, branco é isto , diz apontando para a folha de papel que tem no colo.
- Eles não são pretos, preto é isto diz a Ana apontando para o casaco, tentando imitá-lo. Eles não são pretos. Quanto muito são castanhos ou então escuros.
- Não é nada, voz de nanainina, não são nada escuros. Eles são pretos, não vês que são pretos? E aponta para a fotografia da revista, já com um leve tom de desprezo, tipo a mãe está cega ou que? Eu sou claro, diz. E acabou. Não quero falar mais sobre isto.

Eu continuei a nadar como se de nada se tratasse mas pelo canto do olho bem via o ar desanimado dela.

Jonas, ouviste isto? Como é que é possível que isto me esteja a acontecer? Logo comigo que sou colorblind até ao absurdo. Já sei que em relação às meninas isto vai passar de desprezo a preso em alguns anos mas, e o resto? Onde é que ele foi buscar esta ideia?
Branquinha, minha linda, estás a exagerar. As coisas são como são. E muitas vezes são mesmo assim. A preto e branco.

segunda-feira, novembro 24

As aranhas têm família???

Ao contrário da minha antecessora não costumo comentar aqui o que acontece no aquário. Sou uma criatura mais virada para o exterior. A Dulcineia é que era dessas coisas talvez porque estivesse quase sempre em conflito com a Ana. Havia de facto uma competição entre fêmeas. Eu, ao contrário da Dulcineia, gosto incondicionalmente da Ana. Agrada-me, diverte-me e se postasse sobre ela seria sempre parcial.
No entanto esta noite não resisti porque aquilo que se passou deixou-nos a mim Jonas e a ela Ana a pensar.
Hoje à noite a Ana distraiu-se ocupada num dos seus projectos alternativos e esqueceu-se do Júnior na sala. Passou a hora de dormir e eu e o miúdo ficamos a ver a novela. Quando de repente a Ana chega à sala, meio apressada, o Júnior aponta para a TV e diz:
- Este é o senhor que matou um cão. É mau. E o cão morreu de olhos abertos, sabias?
- Não devias ver isto, já é muito tarde, vamos dormir, respondeu a Ana com um ar culpado.
- Mas ele matou o cão, insistiu ele.
- Como é que sabes? Se calhar não foi ele...
- Já vi isto mais vezes com a avó. Ele é mau. Tem mau humor. Olha, é como o pai!
- O pai não é mau, Júnior. Por exemplo o pai nunca matou um cão!
- Pois não. Mas matou uma aranha, que eu vi! E uma aranha é um animal, não é? Então matou um animal. E uma aranha tem família, não é? Então? É mau.
A Ana ficou a olhar para ele sem dizer uma palavra. Eu fiquei de boca aberta, impressionado com o pensamento lógico dele, afinal tem só cinco anos. Ele ficou a olhar para nós os dois. Abanou a cabeça e disse:
- Então, mãe, anda lá, vamos para o meu quarto. Hoje quero que me contes uma história que não venha num livro!
Subiram a escada e eu fiquei a pensar:

Mas será que as aranhas têm família?

sexta-feira, novembro 21

Mais humor branco

Foto: Louva a Deus, pois claro!

Já a Palin tem uma atitude diferente face à derrota e a propósito de se recandidatar às próximas presidenciais diz:

"I´m like, OK, God, if there is an open door for me somewhere...show me where the open door is"

E viva a auto-estima.

quinta-feira, novembro 20

Humor branco


Não pude de deixar de ficar surpreendido com a resposta que John McCain deu a Jay Leno quando ele lhe perguntou como estava a reagir ao facto de ter perdido as eleições com Obama:


"Well, I´ve been sleeping like a baby. I sleep two hours, wake up and cry. Sleep two hours, wake up and cry"

("Bem, tenho dormido como um bebé. Durmo duas horas, acordo e choro. Durmo duas horas, acordo e choro")


Então não é que o cota tem sentido de humor!!!

segunda-feira, novembro 10

A 2ª vez que vi um preto

E ela a dar-lhe, disse-me o Jonas, quando lhe falei nesta ideia de retomar este tema. Achas mesmo que alguém vai querer ler uma postagem dessas?
Jonas, se eu quisesse que me lessem publicava um livro de autor e vendia-o porta a porta, não achas? Não escrevia neste blog mal frequentado, não é?
Porque é que não consigo arranjar um animal de estimação que me estime?
Não consigo parar as minhas memórias só porque são meio despropositadas. As minhas desculpas desde já aos três leitores desde blog.

Como disse antes a questão da cor não se colocava na Cidade Satélite. Era uma cidade pequena e sossegada com meia dúzia de personagens exóticas como o pastor protestante de que já falei ou o vizinho que se dizia ser cigano e que pirateava aquelas K7 enormes que existiam na época ou ainda aquele bêbedo que levava a vida a fazer de polícia sinaleiro.
Esta monotonia só era quebrada pelas férias de verão no Algarve. Todos os anos passávamos pelo menos um mês em Lagos. Lagos estava cheia de estrangeiros principalmente nórdicos cabeludos mas também se viam alguns espanhóis, franceses, portugueses, etc. Era a época das praias desertas e do pessoal de rabo ao léu. Havia espaço para tudo e para todos.
Todas as tardes me sentava lá fora a ver passar as pessoas ao fim do dia. Havia um casal que me tinha despertado especialmente a atenção. Falavam em francês e ele era mesmo muito alto e ela mesmo muito pequenina. Tinham um filho pouco mais velho do que eu, talvez 8 ou 9 anos, mas que já estava mais alto que a mãe. Aquilo fazia-me uma impressão horrível. Só pensava como é que era possível uma mulher tão pequena ter um filho tão grande e sobreviver ao parto? Ficava toda arrepiada só de pensar...

Um dia eles passaram enquanto o meu pai estava sentado ao meu lado e eu fiz um comentário qualquer sobre essa família porque queria perceber qual seria o risco se um dia casasse com um homem enorme. Não me lembro da pergunta que fiz mas lembro-me da resposta do meu pai. O meu pai começou a discorrer por aquilo que ele pensava ser o assunto. Disse-me que em Angola tinha visto alguns casos assim. Que não era comum mas que podia acontecer. Mas que muitas vezes não funcionava por razões culturais. Eu que estava à espera de outro tipo de resposta fiquei de olhos arregalados com a resposta. Pensava que eram todos franceses, disse. Isso não sei, disse o meu pai, mas sabes estes casamentos entre pretos e brancos acabam por ser relacionamentos mais frágeis. Acho que o deixei de ouvir. Pretos e brancos?... Mas então não estamos a falar de homens grandes e mulheres pequenas?, pensei eu. O meu pai continuou a discorrer enciclopedicamente como de costume sobre aquilo que era para ele o assunto quando eu o interrompi para perguntar qual deles era o preto e qual era o branco. Aqui o meu pai olhou para mim como se de repente a sua inteligente filha tivesse desaparecido. Mas tu não vês que ela é preta?, perguntou. Não me digas que não consegues destinguir um preto de um branco? Ainda balbuciei que ela parecia um bocadinho mais escura mas que ele também estava escuro...

Agora até a mim me parece incrível esta história mas naquela época as pessoas passavam tanto tempo na praia e ao sol que todos mas todos acabávamos pretos. Até eu. Durante alguns dias passei o tempo a tentar destinguir os pretos dos brancos na praia. Enganei-me tantas vezes que o meu pai um dia aborreceu-se comigo a sério porque acreditava que por alguma razão eu só queria gozar com ele e eu dei por terminada a minha pesquisa.

Voltámos para a Cidade Satélite e a questão nunca mais se colocou. Mas os tempos estavam a mudar com a independência das colónias e o afluxo dos portugueses ultramarinos de todas as cores...

sexta-feira, novembro 7

Dilema de pobre

Jonas,
Que fazer quando nos pedem para apoiar um partido e nós já nos comprometemos com o partido concorrente? Estou com um problema ético.
Problema ético? Tu estás é com um problema de pobre! Tens que pensar como um rico: apoias os dois! Um deles vai ganhar e tu ganhas sempre!!!
Branquela burra...

quarta-feira, novembro 5

Pila

No words. É assim que fiquei. Sem palavras. De boca aberta com a conversa que ouvi entre a Ana e e mãe dela.
Tudo começou com a mania que o Júnior tem agora de dizer Pila. Assim sem mais nem menos e por tudo e por nada. Está sentado a ver o Canal Panda e de repente grita Piiila seguido de uma risada tipo Joker do Batman. A meio da refeição grita Pila e diz que almoçou na escola cocó com xixi e depois Pila. Ou então diz o já histórico "vê lá se levas com a pila". Tudo isto acompanhado com gargalhadas de voz grossa.
Eu pessoalmente acho isto espectacular. Revela a sua masculinidade. Afinal ele é um macho e tem pila.
Infelizmente as fêmeas deste aquário não pensam o mesmo. Excepto a Boneca que acho o máximo tudo o que o Júnior diz e tenta também dizer Pila mas como ainda não fala imita só o tom de voz.
Apanhei a avó Livi a tentar reconfortar a Ana dizendo o típico, isso passa, é só uma fase, vais ver que ele esquece o assunto...
Isso passa? É só uma fase? Ele esquece o assunto? Como é que alguém consegue chegar a uma idade tão avançada sem perceber nada de nada?
É CLARO QUE NÃO PASSA! É ÓBVIO QUE NÃO É UMA FASE! E NEM SEQUER CONVÉM QUE ELE ESQUEÇA O ASSUNTO!
A PILA COMANDA A VIDA DE QUALQUER MACHO. CAMBADA DE IMBECIS.

domingo, novembro 2

Se os peixes pudessem votar...


Se os peixes pudessem votar eu votava Obama! E depois quem sabe? Com Obama na Casa Branca the sky is the limit, right? Se um mestiço pode chegar à presidência dos EUA imagino a que destino glorioso pode aspirar um peixe preto como eu...I have a dream today.

sábado, novembro 1

A 1ª vez que vi um preto


Talvez este não seja o blog mais adequado para uma postagem desta natureza afinal foi iniciado por uma coelha, entretanto falecida, e está a ser continuado por um peixe. No entanto este tema da cor era muito querido à Dulcineia tendo sido abordado por ela algumas vezes. Ela que era preta e branca sem ser mulata. E depois o continuador deste blog é completamente preto e eu sou branca. Há ou não há condições de continuidade?

A ideia desta postagem surgiu depois de ler um artigo na Revista Sábado em que se retrata a vida em duas cidades separadas por uma ponte, a maior ponte do mundo, porque vai da América a África. :-) Benton Harbor tem 92% de habitantes pretos e em St. Joseph 90% são brancos. A dada altura uma das entrevistadas diz que a primeira vez que viu um preto era já uma adolescente.

Isto fez-me pensar também. E eu? Quando foi a primeira vez que vi um preto? Não que isto tenha muita importância, ou tem? No entanto lá vasculhei a memória até encontrar aquela primeira vez.

Na Cidade Satélite, onde cresci, não havia pretos. Só brancos. Um dia correu um zunzum no bairro que o irmão do pastor evangélico que lá vivia tinha casado na América, para onde tinha ido estudar, com uma preta americana. Eu tinha 5 anos e aquilo entusiasmou-me imenso. Fiquei com a cabeça cheia de questões práticas. Para mim um preto era um tipo pequenino com uma lança e uma saia de palha. Tal e qual como a aparecia nos filmes a preto e branco do Tarzan que passavam ao Sábado ou ao Domingo na TV. Uma das coisa que me preocupava imenso era se ela não teria frio no Inverno vestida daquela maneira. Tencionava também perguntar-lhe se era verdade que comia pessoas porque me parecia uma fantasia estranha. Queria ainda saber se conhecia o Tarzan e se sabia porque é que ele e a Jane viviam numa árvore e não numa casa como a dela lá em África. E porque é que o Tarzan só se dava com macacos e outros animais e não com as pessoas que lá viviam? E porque é que ele não conseguia aprender a falar a língua da Jane em condições? E depois queria que me explicasse como é que conheceu o marido na América se ela vivia em África. Estava tão excitada que até tinha dificuldade em respirar.

Era um Domingo e estávamos todos em casa. Assim que pude escapei-me para casa deles 3 ou 4 vivendas acima da nossa e fui lá bater à porta. O pastor tinha uma filha Ana, como eu, de quem era amiga e por isso tinha acesso quase livre à casa deles. Para grande desgosto meu já iam a sair todos. Eram mais do que o costume mas acho que nem olhei bem para as pessoas. Ainda pensei em perguntar à Ana pela tia preta porque não a via em lado nenhum mas não sei porquê contive-me e ainda bem acho eu. Voltei para trás com eles, sem fazer nenhuma das minhas perguntas.Passámos em frente à nossa casa, eu entrei para o meu quintal e eles continuaram. A minha mãe estava ao portão assim como a vizinha do lado e outros vizinhos das outras casas.

Quando se afastaram gritei com a minha mãe. Afinal enganaste-me não havia preta nenhuma! A vizinhança começou toda a rir. Então, não me digas que não viste aquela senhora alta e escura? Era ela a preta. Eu olhei para a minha mãe sem querer acreditar e ainda argumentei com um certo desdém ( quando era miúda achava quase todos os adultos pouco inteligentes, excepto o meu pai claro, e mais um ou outro felizardo...de resto dificilmente tinham resposta para as minhas inúmeras e muitas vezes disparatadas questões...) que a tal senhora devia era ter apanhado muito sol na praia. Mais risota dos adultos e eu acabei por me desinteressar pelo tema: afinal um preto era uma pessoa igual às outras e aquela senhora escura deveria saber ainda menos do que eu sobre os problemas do Tarzan.

quarta-feira, outubro 22

Cheguei!

Cheguei e já tenho a responsabilidade de manter um blog! E ainda por cima um blog de babes. O que é que um peixe pode dizer num blog de gajas? ´Tá bem que uma morreu e a outra nunca escreve mas mesmo assim é um blog de gajas, ou não? ( Não sou tão insensível como pareço. Só não sou é piegas. Morreu? Enterra-se!)
E depois se não existe moderação de comentários existe moderação de linguagem e todos sabemos que isso não combina com as hormonas masculinas.
Por falar em hormonas, quem já não ouviu falar do caso dos peixes do Reno ou do Tamisa que viraram peixas devido ao nível de hormonas femininas a circular nos rios? Quem é que me garante que o mesmo não pode acontecer por partilhar um blog?
Bom! Vamos lá ver como isto corre.

sexta-feira, outubro 10

Dia Mundial do Animal

Querida Dulcineia,


No dia 4 foi celebrado o Dia Mundial do Animal. Já sei que detestas estas datas comemorativas. Eu também não gosto. Quando se fala do Dia das Mulher até fico arrepiada.

De qualquer forma eu nem sabia que existia o Dia Mundial do Animal. Ou se sabia já tinha esquecido e como esquece muito a quem não sabe...

Na escola do Júnior resolveram fazer um projecto sobre este dia. Já viste o azar. Se estivesses viva tinha sido possível levar-te na tua caixa de transporte até à sala dele para que todos os amiguinhos te pudessem ver e tocar. LOL! Acho que ias detestar. Todo aquele barulho e aquelas mãozinhas ansiosas...Por outro lado que bela oportunidade para distribuíres arranhadelas e dentadas.

Dei ao Júnior uma fotografia tua e fizeste muito sucesso no meio de todas aquelas fotografias de cães, alguns gatos e poucos pássaros. É claro que todos os outros bichos estão vivos...Who cares? O que conta é marcar a diferença, não é?

Abraços e Abracinhos.

domingo, setembro 7

Girassol de estimação


Cara Dulcineia agora temos um girassol de estimação que levamos para todo o lado. Já podes imaginar a quantidade de pragas que o meu marido roga ao pobre vegetal só porque teve que o transportar da Vila para a Cidade Satélite e da Cidade Satélite para o Algarve e depois de novo no regresso do Algarve para a Cidade Satélite e para a Vila. Afinal é só um girassol com pouco mais de um metro de altura se contarmos com o vaso que cabe na perfeição entre os dois bancos da frente do carro. Pronto não dá muito jeito para meter as mudanças mas não é caso para tanto.Esta coisa das pragas deixa-me perplexa. Quando é que ele começou a praguejar? É raios partam isto e raios partam aquilo a toda a hora. Depois claro o Júnior também já começou a imitá-lo e chega a ser cómico vê-lo a tentar montar um brinquedo qualquer enquanto diz raios partam esta peça que não encaixa com a sua vozinha infantil. E depois não penses que este é um hábito novo do meu marido. Não! O mais chocante é que me disse que sempre praguejou só que para dentro. Que mais fará ele para dentro? Estar casada pode ser um bocadinho assustador.


Por falar em ter medo a Boneca tem medo de moscas e sempre que vê uma chora desesperadamente como se tivesse num filme de terror e lá vamos nós a correr enxotar a mosca. De resto nada de novo a minha mãe continua cada vez mais surda e abstracta, como ela diz. A surdez não a admite mas da abstracção da realidade faz gala. Ontem perguntou-me quais eram as minhas novas funções no serviço porque não se conseguia lembrar apesar de não termos falado de outra coisa antes das férias. Para me vingar voltei pedir-lhe para usar pendurado ao pescoço uma bolsinha daquelas que as crianças utilizam para colocar o passe ao pescoço com um papelinho lá dentro a dizer chamo-me fulana de tal e vivo em tal sítio para o caso de se perder na rua...


Ai Dulcineia que falta me fazes cá em casa. Agora a única criatura normal cá de casa sou eu. ( Bom, não sei se é muito normal uma pessoa falar constantemente com o seu animal de estimação falecido. Uhps!)

Que fazer com este blog?

Não sei o que fazer com este blog que herdei da Dulcineia. Gostava de lhe dar continuidade mas sem ela é difícil. Há por aí algum humano que já tenha herdado o blog do seu animal de estimação ou este é caso único? Se ao menos ela me tivesse deixado algumas instruções...
DULCINEIA FAZES-ME FALTA! E já agora feliz aniversário porque farias 4 anos este mês. Que tal uma dentada espiritual nesta tua amiga?
Bom, estou a conseguir ser ainda mais patética do que é normal...Caramba! Deve ser do regresso ao trabalho...

terça-feira, julho 29

A Dulcineia morreu




É verdade e não se trata de mais uma postagem com título chamativo. A Dulcineia de facto morreu. Eram 7.30 da manhã quando cheguei ao escritório para me despedir dela como era habitual. Quando me parecia que tinha muita fome dava-lhe logo a ração. Estava deitada no fundo da gaiola naquela posição que tanto gostava. Toda esticada e de lado como se estivesse a apanhar sol na barriga. Como se estivéssemos nos primeiros dias de primavera. Só que desta vez não piscou os olhos quando me ouviu chama-la. Nem sequer fez aquele ar enfadado. Lá vem esta interromper o meu descanso! Nem saltou para me cumprimentar como fazia quando estava para aí virada. Nada!

Toquei-lhe e ainda estava quente mas já não respirava. Tirei-a da gaiola e enrolei-a numa fralda da minha filha que tinha uma tartaruga cor de rosa aplicada. De certeza que me detestou por isso ela que se insurgia sempre contra a ditadura do cor de rosa imposta às fêmeas.

Ao fim da tarde enterrámos-la no campo, o meu filho, o meu marido e eu. Não foi propriamente uma guarda de honra mas aposto que ela se teria divertido se tivesse visto o meu marido todo transpirado a abrir um buraco suficientemente grande e desta vez a fazer alguma coisa pela "coelha"sem refilar. Calado. Por último marcámos o local com uma pequena placa em madeira com o nome dela.

E foi assim. Tive que me despedir daquele pêlo macio e... daqueles dentões que me morderam tantas vezes e do ruído daqueles passinhos no soalho. Não foi fácil a despedida como não foi fácil o convívio durante estes quase 4 anos nem para mim nem para ela. Imagino se tivesse sido ao contrário. Aposto que teria ficado furiosa comigo e ter-me-ia acusado de deserção. Fula, de certeza que me gritaria aos ouvidos: ao menos podias ter-me avisado que ias morrer, não é!? Tinha muito mau feitio mas como dizia o meu filho " era mesmo adorável".



Quem assina hoje sou eu: a Ana da Dulcineia.





sexta-feira, julho 4

Cocó na Cueca

Por mais anos que passem de convívio com os humanos nunca irei perceber a fixação que as suas crias têm com o excremento! Já falei nisto noutra postagem mas pelos vistos ainda não esgotei o assunto.

O Júnior agora tem uma nova máxima: Cocó na Cueca. Passa o tempo todo a repetir isto. Chega a casa da escola a gritar COCÓ NA CUECA a plenos pulmões. É como se fosse o seu grito de liberdade ao chegar a casa. Depois corre até à minha gaiola e encosta a cara com ar ameaçador enquanto grita com os dentes serrados COCÓ NA CUECA. Passa então ao corredor onde começa a marchar ao som de COCÓ NA CUECA. Outras vezes vai encenando golpes de uma arte marcial imaginária em que cada movimento é acompanhado de um COCÓ NA CUECA. Quando está muito feliz é capaz de dizer COCÓ NA CUECA tantas vezes e tão alto e tão depressa que começa a tossir e a dar gargalhadas ao mesmo tempo.

Eu já nem pergunto se isto é normal. Nem pergunto se isto passa porque sei que sim, afinal os humanos adultos não têm este comportamento. A minha pergunta, que vai dirigida aos animais domésticos com mais experiência é a seguinte: esta obsessão por fezes é exclusiva do género masculino ou devo esperar uma repetição assim que a Boneca começar a falar? Aguardo...

domingo, junho 22

Corta! (Ou a censura na colónia)

As minhas duas últimas postagens provocaram algum desconforto aqui em casa.

O Pernas não gostou que eu tivesse escaneado a sua condecoração e anda desde então a pedir à Ana para censurar aquilo que eu escrevo. Diz que sente que perdeu toda a sua privacidade e dignidade: onde é que já se viu uma condecoração desta grandeza num blog de uma coelha ???
Também ficou furioso com a revelação sobre o PSD. Diz que eu não tinha nada de falar sobre a filiação da Ana ( ou conversão como diz a Lhena que de tanto viver no estrangeiro já começa a confundir o português).

Na minha opinião só fiz bem. Espicacei a vida social dela. Todas as suas companheiras de armas ligaram para pedir explicações e averiguar da sua saúde mental. Afinal depois de partilharem não sei quantas manifs com ela para já não falar dos bloqueios das avenidas a quando da guerra das propinas e dos apupos ao Ministério da Educação na 5 de Outubro ninguém estava à espera disto. Até os gays do BE para quem ela trabalhou ligaram. Tem piada. Ligaram quando ela saiu do armário...lol. Desculpem mas não resisti ao trocadilho.

O que me vale é que ela por mais que se esforce nunca deixará de ser uma rapariga da esquerda liberal ( isto existe?) incapaz de qualquer acto de censura muito menos por influência militar e vou poder continuar a dizer o que quiser sem cortes. Bom...há uns dias atrás não conseguia dizer grande coisa porque o Júnior cortou o fio do rato...também cortou a pulseira do relógio amarelo...e o cortinado do escritório...mas isso já é outra história. Corta!

sexta-feira, maio 30

Cavaleiro da Ordem de Avis


O Pernas agora é Cavaleiro. Já sei que é esquisito. Não digam nada. Eu pensava que isto dos cavaleiros era do tempo dos reis e rainhas. Mas não. A acreditar nele ainda é possível nos dias de hoje. Assim que soube disto imaginei uma série de piadas para contar aqui só para o aborrecer. Não foi necessário. O Júnior encarregou-se disso. No dia em que o Pernas ia ser investido Cavaleiro despediu-se da família todo aprumado e orgulhoso mas passou-lhe porque o Júnior que vinha a correr perguntou-lhe logo porque é que ele estava vestido de polícia. Lá lhe tentou explicar que era um uniforme especial,ia a uma cerimónia importante. Eu sei o que é! Vais a uma festa de Carnaval! Na minha escola também há. Este ano fui de Tartaruga Ninja. Para o ano quero ir mascarado de astronauta com nave espacial e tudo. Olha, diverte-te ´ta bem? Virou-lhe as costas e foi para a sala ver pela centésima vez "O Noddy salva o Natal". hohohoho...
Não é preciso dizer que quando voltou Cavaleiro vinha todo contente e foi logo mostrar a sua nova condecoração. O Júnior que estava a lanchar o seu pão-de-leite meteu-se na conversa. Não pode ser! Tu Cavaleiro? Mamã o Papá está a dizer uma mentirinha...está a dizer que é Cavaleiro. Toda a gente sabe que um Cavaleiro tem que ter um cavalo e tu não tens. Nananina...A Ana apareceu na sala comigo ao colo e ainda deu para ver que o Pernas estava a icar um bocadinho murcho e assim refreámos a nossa vontade de brincar ainda mais com ele. Há cavaleiros sem cavalo, Júnior. Há com e sem cavalo. O Papá é daqueles sem cavalo disse a Ana.
Foi então que o Júnior saiu a correr da sala para voltar a entrar também a correr. Toma! É para ti. E o Pernas lá ficou, de pé, no seu uniforme de gala com todas as suas condecorações segurando com a mão direita o cavalo de pau do Júnior.

domingo, maio 25

PSD


A Ana entrou no escritório e disse-me que se tinha filiado no PSD. Não reagi. Ou por outra, escondi-me dentro da minha caixa porque achei que tudo não passava de uma estratégia para me fazer sair da gaiola numa nova acção de beleza/higiene: cortar unhas, escovar, verificar dentição and so for.


Até já recebi o cartão! Aí percebi que era a sério e fiquei parada com a boca aberta por uns 10 segundos, o que caso não saibam é muito difícil na minha espécie, enquanto pensava nas hipóteses que teria de convencer o Pernas a entrar com uma acção judicial de interdição da Ana. Oh, Ana! Pensava que nós éramos raparigas de esquerda! Desculpa Dulcineia mas tinha que ser. Estou farta de ser descriminada por ser demasiadamente intelectual e coerente. Algumas pessoas até me acusam de ser pouco humana. Mas agora posso esfregar-lhes o cartão do PSD na cara. Tinha que aproveitar agora com esta história do Luís Filipe Menezes. Posso enfim provar que posso ser boçal, histérica, emotiva, incoerente. Provar que consigo estar 10 anos sem liderar nada, sem manipular ninguém de forma eficiente. Sei lá Dulcineia, até já me imagino a contar piadas acéfalas no serviço. E depois tenho tanta pena do PSD. Tiveram tudo e agora não têm nada. E o PS a fazer de conta que é o PSD também não ajuda. Como é que o PSD pode voltar a ser o que era se o PS está com a mania que é o PSD? O que é que tu queres, é a minha faceta de defensora dos desprotegidos. Chama-lhe caridade se quiseres.


Olhei bem para o cartão que ela tinha na mão. E tive de lhe dar razão. Dava pena. Os cartões do PSD até estão a perder a cor, são agora de um laranja muito desmaiado (a tender para o rosa?). Caridade? Não. Caridadesinha...

domingo, maio 4

Dia da mãe

De vez em quando, quando estou mais nhónhó, penso que deveria ser mãe. Ter alguém do meu sangue. Alguém com quem partilhar esta gaiola. Alguém com quem pudesse ter longas rosnadelas. Enfim, uma família e talvez até um coelho com quem partilhar a ração e a educação dos coelhinhos que teríamos...Snap out of it, Dulcineia!!!
Graças a Deus que existe o dia da mãe para me trazer à realidade. Hoje, que é dia da mãe, a Ana levantou-se de madrugada para dar o leite à Boneca e voltou a deitar-se para se voltar a levantar umas horas depois para vestir o Júnior que queria ver o canal Panda e alimentar novamente a Boneca. Quando será que ela começa a comer sozinha?

Sentou-se na sala depois de ter tomado o pequeno-almoço com os gritos do Júnior que já não é novamente amigo do pai e que quando o pai for velhinho o vai obrigar a beber o leite todo mesmo que ele não tenha vontade e depois vai obrigá-lo fazer xixi mesmo que não queira, ai vai vai grita com a sua voz infantil . Quando é que ele muda a voz? E quando é que o Pernas deixa de implicar com o Júnior? E o Júnior com o Pernas? E quando é que a avó assume que está surda e compra um aparelho para que a Ana não tenha que repetir tudo várias vezes? Não sei. Só sei que a Ana se sentou na sala e esperou pelo seu presente do dia da mãe enquanto segurava a Boneca que quer andar sozinha e que está sempre a cair e a choramingar.

Esperou e vai ter que esperar até ao próximo Domingo porque o Júnior não trouxe a prenda que fez na escola porque meteu na cabeça que o dia da mãe não era hoje e a avó que o foi buscar na sexta não o quis contrariar não vá ele chorar e depois as pessoas pensam que ela não o trata bem!!!

E depois chegou o Pernas com o presente da Boneca que ele comprou e a Ana lá se animou outra vez embora estranhasse aquilo vir embrulhado num papel que até há bem pouco tempo protegia uma moldura velha. Abriu e não era um livro nem um cd nem nada de jeito. Era uma agenda de 1988, velha e suja. Como a Ana disse um dia, oh dia aziago, que gostava de agendas antigas, antigas!!!, não velhas o Pernas agora acha que descobriu a pólvora e sempre que a ocasião é especial lá aparece com uma. Eu bem vi a cara dela quando a veio esconder debaixo das outras que já estão no escritório junto à minha gaiola. Fiquei com pena dela claro mas também ela só se meteu nisto porque quis, não é ? Ana minha linda vai mas é mais cedo para o trabalho. Aproveita e almoça com calma, compra uns sapatos ou outro mimo qualquer para ti. Aproveita esta tarde para respirar fundo porque para o ano que vem há mais. lol

quarta-feira, abril 23

Perigo de nova vida!

A Boneca fez um ano. Já só acorda duas vezes por noite. A Ana anda tão descansada. Sim, porque para ela acordar duas vezes por noite não é nada...Com o Júnior a coisa era de hora a hora e incluía sessões de desenhos animados a meio da madrugada. Eram tempos agitados até para mim que era constantemente interrompida na sala a meio da noite.

Este descanso todo é perigoso! O trabalho da treta dela não a maça. O ginásio não a maça. O Júnior não a maça. A Boneca é um encanto. O Pernas não a maça. A Livi não a maça. Bom esta maça um bocadinho mas também é mãe dela...Uma espécie de Ana a dobrar.

Ela queixa-se porque já começa a ter meia hora livre por dia entre os dois livros que lê por semana e até já fala em me cortar as unhas, escovar-me o pêlo ou levar-me a passear com a trela que tem!!! Estou tramada. Não tarda começa a falar em arranjar um porquinho da índia, depois dois e depois como o Pernas é contra animais em casa começa a falar em ter outro bebé e depois começa a ficar outra vez muito maldisposta e depois tem mesmo outro bebé e pronto lá começa tudo outra vez.

domingo, fevereiro 10

Village People

A bucólica vida na vila...O chilrear dos passarinhos e all that crap. Para mim nada mudou excepto a tosse que não me larga. E o que eu espirro? Será alergia à vida campestre? É que a Ana está na mesma todos já sabemos como ela ficou efervescente quando se mudou para cá...O Pernas, esse, como diz a avó Livi "está tão contente que nem lhe cabe uma palhinha no rabo". Não consigo atingir o sentido desta expressão alegadamente madeirense mas como me parece ter uma conotação algo ordinária não resisto a repeti-la. O Pernas agora passa tanto tempo no quartel que andamos todos desconfiados que é ele que manda naquilo. Parece que o primeiro e segundo comadantes da unidade não passam de testas de ferro dele. Teorias...O Júnior também adora a vida na vila e está completamente imune aos comentários que gera por ser o único menino no ballet. A Boneca põe todos na linha com os seus gritos e ar zangado quando não lhe fazem a vontade e até o Babal, que foi nosso hóspede toda a semana, já percebeu que não se deve meter com ela. O Babal que tem 16 meses, é um rapaz do campo e por isso tem uma especialização em espalhar feno, interagiu muito comigo e ainda deu para o arranhar um bocadinho. Que saudades já eu tinha de dar uma dentadinha! De resto a minha vidinha está na mesma. Feliz e contente a rosnar a toda gente.