Pensamentos Invisíveis

- E então Boneca, aprendeste alguma música nova na escola?
- Sim, diz toda sorrisos, aprendi uma música nova. Posso cantar?
- Claro!
Faz um esforço, começa a trautear...mas não sai nada.

- Oh, não me consigo lembrar, mamã.
- Não faz mal. Quanto te lembrares cantas.

Faz mais um esforço e abana a cabecinha exclamando:
- Não consigo. A música nova está invisível na minha cabeça!

Sado

O Júnior sentado na sanita reflectia sobre o fim-de-semana...

- O que eu gostava, mamã, era que o fim-de-semana tivesse três dias...

- Isso todos gostávamos, respondeu a Ana.

- Assim tínhamos o Sábado, o Domingo e o Sado.

- O Sado?

- Sim! Eu até já tenho um nome para esse dia: Sado! Então esse dia novo era a mistura entre o Sábado e o Domingo, dá Sado, não é?

- Hum...Sado soa mesmo bem, Júnior!

:-)

As Bonecas, a Casa das Bonecas e o Barco Pirata

Todos os fins-de-semana o Pernas arruma o Quarto dos Brinquedos isto é, agarra num enorme saco de lixo preto e enche-o com os brinquedos que considera que não servem para nada e que deveriam ser dados.

O saco de lixo fica cheio com todas as bonecas da Boneca. O Pernas diz que não servem para nada e que nunca viu a Boneca a brincar com bonecas e vai muito determinado pôr o saco à porta de entrada da casa para depois levar para dar a quem precise.

Todos os fins-de-semana a Ana também arruma o Quarto dos Brinquedos. Vira esta Casa de Bonecas para a janela, arruma as duas cadeiras junto à mesa na cozinha, encosta o pequeno frigorífico à parede e baixa o tampo da pequena sanita do wc.

De seguida apanha o Barco Pirata cheio de piratas em plástico e coloca-o perto da Casa das Bonecas. Arruma aquele monte piratas cheios de testosterona no porão, no convés, na proa e aquele que ela gosta mais fica no topo do mastro.
Diz a todos que a Casa das Bonecas e o Barco Pirata são os seus brinquedos preferidos.


Ora, não é preciso ser mestre em psicologia para perceber quem o Pernas gostaria mesmo de colocar dentro de um saco de lixo preto à porta de casa, certo? Parece-me óbvio.


Agora, aquilo que eu gostaria mesmo de saber é bem diferente. Onde guardará a Ana o Barco Pirata na vida real?

(Olá! O meu nome é Gaio, sou um papagaio e sou o bicho que segue neste aquário que virou novamente gaiola...)

Gorda

- Estou a ficar gorda!, digo eu

- Eu não acho, diz o Júnior descontraído.

- Estou, estou!

- Deixa lá ver...Hum estás um bocadinho estás, diz ele apalpando a minha barriga.

De repente faz um ar apavorado e quase grita:
- SÓ ESPERO QUE NÃO SEJA UM BEBÉ!

Moving on

Isto dos animais de estimação é uma coisa engraçada. Uma pessoa habitua-se e depois fica com mais tempo livre entre as mãos sem saber o que lhe fazer.

Com a Dulcineia todos os dias tinha que lhe limpar a gaiola, alimentá-la e brincar com ela enquanto resmungávamos as duas contra a vida e os estado das coisas.

O Jonas dava muito menos trabalho. Um aquário, depois de estabilizado, é fácil de manter. E apesar de parecer uma peixe acéfalo, pelas coisas que dizia, não era! E mais importante ainda: gostava de mim.

Levo sempre a mal quando eles morrem e desta vez estou tão zangada que só me apetece arranjar uma colónia de formigas em gel!

Mas sei que não vou fazer isso. I already have my heart set on a sweet little black cat.
Vamos ver come corre desta vez.
:-)

Till death do us part

Necrologia fotográfica

Este blogue está a meia haste

(E não, não é pela morte do Saramago. E não, não vou dizer que é uma enorme perda para Portugal. Perda porquê? A obra está aí. Os últimos livros eram uma espécie de "Saramago para principiantes" e o homem não era nenhum botão de rosa ainda por desabrochar! Tinha quase noventa anos e chegou a hora dele, aliás essa história de a sua morte ser uma grande perda para o país, estivesse ele vivo, e não deixaria ele próprio de ironizar à fartasana.)

Este blogue está oficialmente a meia haste porque o Jonas morreu.
O Jonas morreu depois de três dias a agonizar.
Mas foi o mais resistente dos peixes ao mal do aquário. (Ainda não percebi o que se passou!)
Foi o último a bater a barbatana como ele próprio diria.
Mas já andava doente há algum tempo e nem se deu ao trabalho de publicar a morte do Laranja.
Deixou algumas notas a meio e uma conta de facebook que não sei muito bem o que lhe fazer.
Deixou principalmente saudades.
Era um peixe do caraças e por esse motivo nunca consegui censurar aquilo que ele escrevia como era meu hábito fazer com a Dulcineia.
Via em mim aquilo que a Dulcineia nunca conseguiu ver de e de certa forma libertou-me desta vidinha.

Quero também dizer que o Jonas existia, era real. Muitas vezes era mais verdadeiro do que eu.
Para aqueles que não acreditavam que os relatos dos Jonas eram crónicas vividas venho aqui dizer que tudo o que ele relatou se passou...se bem que não exactamente como ele viu.

Estou oficialmente orfã de animal de estimação. E não, não é uma metáfora!

:(

PS: Jonas, meu querido peixinho preto de olhos salientes e vidrados, já sinto falta das tuas gargalhadas cheias de malandrice.

Cuidado com os cocós!

Todos os dias a Boneca recomenda a quem sai de casa que tenha cuidado com os cocós. É assim o expoente máximo da sua demonstração de preocupação para com os outros.

Pode estar a fazer e refazer puzzles, pode estar comer, a ver tv, a salvar o Noddy de mais um perigo...pode estar até mesmo ela a fazer cocó...mas sempre que alguém sai ela diz, com ar de preocupação quase maternal: cuidado com os cocós.

Quando ela gosta dos visitantes do aquário acompanha-os à porta e lança sempre à última hora: cuidado com os cocós.

Imagino que quanto tiver filhos irá substituir o " vai pela sombra" pelo "cuidado com os cocós"... isto se nessa altura algum humano com menos de 18 anos tiver autorização para andar sozinho na rua.

Para a Boneca ter pisado um dia um pedaço de excremento na rua foi uma situação traumática, a sua pior experiência, muito provavelmente, se não contarmos com esta situação. O ter ficado com o sapato sujo, o ter que o limpar, o cheiro, a sentimento de que ficou menos perfeita nesse dia faz com que não deseje isto a ninguém.

É aqui se percebe que os gajos são muito diferentes das gajas porque segundo sei o Júnior também pisou alguns cocós quando tinha 3 anos e se esteve nas tintas para o episódio. Aliás o Júnior quando pisou o seu primeiro cocó ficou maravilhado porque havia já muito tempo que tinha vontade de pisar um mas a mãe não deixava. Tinha vontade de pisar um, tal como tinha vontade de apanhar todas as porcarias que encontrava no chão. Conseguir atravessar uma rua e mudar de passeio com ele era uma epopeia porque as paragens eram mais que muitas para apanhar toda a trampa que havia no chão. Os gajos quando são pequenos levam anos a olhar para o chão e só por acaso olham para céu. Já as gajas percebem que no chão não há nada de jeito e olham directamente para o firmamento: the sky is the limit!

O Júnior queria conhecer o cão que lhe tinha proporcionado a experiência arrojada de pisar o cagalhão e passou a olhar os cães com uma curiosidade de companheiro de transgressões.

A Boneca essa passou a dizer que não gostava de cães, só se fossem cães bons. O que são cães bons para ela? São cães que não ladram (ela não gosta do barulho) e cães que não se aliviam na via pública. Ora aqui reside o prenúncio da eterna insatisfação feminina ela quer mudar a essência do próprio cão para o aceitar enquanto ele, Júnior, agradece ao cão que seja apenas cão.

Pobres gajas...

E já agora, pobres gajos!

Que nunca estarão à altura.

Princesa de calções

À tarde,

- Boneca! Levanta-te...vá lá, dizia a avó.

Nada.

- Não ouves?, insistia ela, levanta-te e vamos vestir o teu vestido de princesa!

Nada.

- Então Boneca? Anda lá vestir-te. Não me digas que não queres ser princesa....

- Oh, vovó! , respondeu a miúda finalmente, Eu quero ser princesa...só que quero ser uma princesa de calções!

O Segundo Amarelo Morreu

O segundo peixe amarelo morreu!

Estes gajos duram mesmo pouco.

Por um lado estou contente. Este morreu parece que de falta de ar e todos assistiram à sua agonia que durou prái um dia e a autópsia não revelou nada de substâncias pretas. Estou safo! Acho que até vão retirar a acusação de assassinato do primeiro peixe amarelo.

Mas por outro lado estou com um cagaço do caraças. É que agora sou só eu e o fish killer do Laranja. É cum gajo não sabe se ele é psicopata para matar só Amarelos ou se é daqueles que também limpam a barbatana aos Pretos.

Isto já não é um aquário...é assim mais um canal Crime Zone só com mais água.

Depois falamos...

O Assaltante

Mamã, grita o Júnior, muito alto vindo a correr da sala, apareceu na televisão aquele, o assaltante, que é primeiro ministro. Anda ver!

Fiquei então assim na dúvida...isto tem piada ou não tem piada?

Um homem alto, loiro, olhos azuis entra na esquadra e dirige-se ao xerife:

- Vim-me entregar, cometi um crime e desde então não consigo mais viver em paz.

- Meu senhor, as leis aqui são muito severas e são cumpridas e se o senhor é mesmo culpado não haverá apelação nem dor de consciência que o livre da cadeia.

- Atropelei um preto na estrada ao sul de Johannesburgo.

- Ora meu amigo, como o senhor pode se culpar se estes pretos atravessam as ruas e as estradas a todo o momento?

- Mas ele estava no passeio.

- Se estava no passeio é porque queria atravessar, se não fosse o senhor seria outro qualquer, problema de momento e fatalidade.

- Mas não tive nem a hombridade de avisar a família daquele homem, eu sou crápula.

- Meu amigo, se o senhor tivesse avisado haveria manifestação, repúdio popular, repressão, pancadaria e morreria muito mais gente, acho o senhor um pacifista, merece uma estátua.

- Eu enterrei o pobre homem ali mesmo, na beira da estrada...

- O senhor é um grande humanista, enterrar um preto, é um benfeitor, outro qualquer o abandonaria ali mesmo para ser comido por animais selvagens.

- Mas enquanto eu o enterrava, ele gritava:

- Estou vivo, estou vivo!!!

- Mentira, mentira! Esses pretos mentem muito....

Pesadelo Parte II

O Júnior teve mais um daqueles pesadelos. Mas agora parece que está a encarar a coisa com mais serenidade e já nem chama pela mãe.

Hoje contava animadamente que sonhou que estavam dois ladrões no corredor do primeiro andar e que ele corajosamente agarrou na mana e desceu as escadas sem que ninguém desse por isso.

Quando chegou lá abaixo foram apanhados pelo terceiro ladrão que os obrigou a entrar na cozinha onde ficaram prisioneiros.

Mas o Júnior não desanimou e parece que até perguntou ao ladrão se não podiam antes ficar presos na sala, é ia dar um episódio novo do Phineas e Ferb que ele não queria perder!!!!

É de gajo! Prioridades são prioridades.

Murder is announced

O Amarelo apareceu a boiar junto ao filtro do aquário com um ar muito pouco vivo. De início ainda pensei que era fita do gajo para chamar atenção. Todos os peixes sabem que os amarelos querem ser o centro das atenções. Mas não!

Assim que a Ana o tirou com a rede deu para ver que o Douradinho tinha ido desta para melhor.

A Boneca, a dona do peixe, fez uma ar de espanto zangado, como se o peixe lhe tivesse falhado de uma forma inadmissível.

- Ei! O Amarelo morreu?

Mas acrescentou logo muito rapidamente que amanhã ia comprar outro. Peixe morto, peixe posto!

O Júnior assim que chegou da natação e soube do passamento do Amarelo tratou logo de consolar a Boneca e ficou meio atarantado quando percebeu que a Boneca não queria mesmo saber. Ainda a abraçou com aquele olhar de enterro muito preocupado com a forma como a mana estaria a reagir à morte do seu peixe.
A Boneca disse-lhe, muito alegre, que amanhã a mamã compra outro. As gajas não têm mesmo sentimentos.
O Júnior foi esconder-se para chorar cheio de pena e lá se agarrou à mãe a lagrimar enquanto jurava nunca mais se esquecer do Amarelo, o melhor peixe do mundo. É de gajo não fazer ideia de que há mais peixinhos no mar...

É só durante as cerimónias fúnebres junto ao caixote do lixo que as coisas começam a ficar pretas para o meu lado porque reparam que o Amarelo tinha umas manchas escuras nas barbatanas...

- Se calhar foi o Jonas que lhe fez mal! , avança logo o Júnior.

E pronto! Agora a investigação está a decorrer e está tudo sobre segredo de justiça o quer dizer que muito em breve está tudo escarrapachado do Diário "Crime em Meio Aquático"!

LOL

(Agora a sério, preciso mesmo de um advogado...)

À noite...

- Não sei o que vestir amanhã. (suspiro desanimado)

- Tenho uma proposta, mamã, responde de imediato o Júnior em tom animador. Porque é que não vestes aquele pullover azul que tens com aquele colar que te fica bem? E aquelas calças pretas...Os sapatos é que não sei...


- Jonas, diz-me que ele não vai crescer e que vai ser sempre assim.

- Glu, glu, glu, blu!

- Glu, glu? Jonas?

- O que é que queres não te sei mentir!

Taking things literally

Literalmente é uma das expressões preferidas do Júnior.

Ainda só tem seis anos e já gosta de se dar ares de gajo esperto.

Passa a vida a dizer "estou cansado, literalmente" ou "gosto mesmo, literalmente" e etc mas, no entanto é a Boneca que entende as coisas de forma literal!

Assim um destes dias enquanto a mãe se referia ao que tinha almoçado num restaurante, (com isto não quer dizer que ela tenha esquecido a sua pizzaria!), dizia então que tinha comido sopa e prato por cinco euros, a Boneca começou a gritar horrorizada:

- Não mamã, não! Não se come o prato! Faz mal à tua barriga. Só podes comer o que está dentro do prato mamã!

Férias

- Não acredito que não vamos este ano de férias aos Estados Unidos!

- Não dá, fofo. Este ano a mamã tem que poupar e não tem dinheiro.

- Podes tirar o da minha conta! Aquele dinheiro todo que tenho no banco! Eu dou-te todo e assim já podemos ir.

- A sério que queres mesmo ir?

- Claro! Quero! Quero! Só não pode ser é a um sábado que tenho que ver o Phineas e Ferb que é o dia em que dá um episódio novo...

!

Alien

Logo pelas sete da manhã...

- Tive o pesadelo mais horrível da minha vida, diz o Júnior, à medida que os olhos se lhe enchem de lágrimas grandes e gordas como as bolhas de ar produzidas pelo filtro do meu aquário.

- O que foi fofinho?, diz a mãe.

- Sonhei que era um alien igual a mim, diz o miúdo soluçando. Era mesmo igual a mim esse alien. E continua a chorar

- E qual era o problema? Não conseguias deixar de ser alien e voltar a ser o Júnior normal?

- É!, diz o Júnior, parando de chorar e abrindo muito olhos de espanto, ao perceber que finalmente alguém o compreende, abraçando-a de imediato muito aliviado.

Para esta gaja todos somos transparentes.

Thelma & Louise

Ana: Sabes ir daqui até ao IKEA?

Loura: Hum, hum! Acho que sim!

Ana: Vê lá. É que da última vez fomos parar à Malveira da Serra!

Loura: Isso foi um acidente. Perdi-me, acontece.

Segundo a Ana e meia hora depois...

Ana: Então mais isto não é a Vasco da Gama?

Loura: Tens razão...Estamos na Ponte Vasco da Gama. Se quiséssemos cá vir dar não conseguíamos. (Risadas divertidas) Lembras-te quando quisemos ir ao Montijo no ano passado?

Ana: Acabámos no Corte Inglés já não sei porquê...

Loura: Perdi-me, acho eu.

Ana: Pois é. E agora?

Loura: Já que aqui estamos vamos ao Forum Montijo.

Ana: Vendem lá estrados?

Loura: Sei lá! Acho que vou é aproveitar para comprar lingerie nova isso do estrado logo se vê.

Ana: Estás mesmo optimista. lol Isso quer dizer que sabes ir até ao Forum Montijo.

Loura: Vamos ver. Em todo o caso se não der vamos até ao Jumbo de Setúbal e jantamos por lá um hamburger no Macdonalds.

Ana: É uma ideia.

Loura: O que é importante é que estamos juntas.

Ana: Tens razão Thelma.

Loura: Claro que tenho Louise.

Winds of change

Ana: Não sei como é que consegues dormir naquela cama.

Loura: Qual cama?

Ana: Na tua cama.

Loura: A minha cama não tem problema nenhum.

Ana: Não tem problema? O estrado está todo partido. Aquilo vai tudo para baixo.

Loura: Não dei por nada...mas eu também não durmo lá com um preto de cento e tal quilos em cima!

Ana: O que é que queres dizer com isso?

Loura: Nada.

Ana: Nada? Diz lá o que é queres dizer com isso?

Loura: NADA! Já disse. Apeteceu-me falar disto é só isso.

Ana: Continuo a achar estranho...

Loura: Olha esquece mas é o assunto e vamos as duas ao IKEA

Ana: Ao IKEA?

Loura: Vou comprar um estrado novo para a cama pelo sim pelo não. E se de repente a minha sorte muda?

Quem não tem cão caça com gato

- Não me digas que vais novamente cozinhar!

- Achas? Não. Estou a ferver leite e depois junto ao leite uma colher de manteiga e outra de mel e bebo isto acompanhado por um copo de vodka com pimenta. É o remédio para as constipações utilizado na Ucrânia. Segundo parece uma pessoa bebe isto, vai para a cama e no outro dia está como nova.

- Mas tu não estás constipada!

- Claro que não! Mas comi demais ao almoço e tenho a certeza que com esta mistela consigo mesmo vomitar...Daaaaaaaa

From India with love

- Vais cozinhar!?

- Não, vou só ferver este leite...

- Isso pelos teus padrões é cozinhar.

- Jonas!

- Sorry...anda, diz lá o que estás a fazer.

- Comprei um pacote de leite gordo e vou fervê-lo. Depois aproveito a nata para pôr na cara.

- Vais fazer o quê? Mas tu não és intolerante à lactose?

- Eu explico. Um dia destes ajudei dois indianos que conseguiram processar o estado português porque estiveram em prisão preventiva por tráfico de droga mais tempo do que aquele a que foram condenado pelo delito. Gostaram tanto de mim que resolveram dar-me uma ajuda por causa desta alergia da pele da cara. Dizem que não é alergia alimentar. Parece que é alergia ao sol e na Índia aplica-se natas e já está. Passa tudo. Só não sei se é para aplicar esta mistela muito quente, morna ou fria...

- Liga para eles e pergunta.

- Não posso. Estão outra vez presos preventivamente desta vez por tráfico de pessoas.

- Isso é que é azar...

- Não desta vez foi propositado. É que com a indemnização do estado português compraram a sua aldeia onde nasceram e agora querem construir um estádio para o clube de futebol que fundaram lá: o Portugal Football Club. O nome é para honrar o nosso país claro que tanto fez por eles e como precisam de mais verba...já estás a ver.

- Bela, homenagem! Tipos reconhecidos esses...

- São uns queridos, Jonas, são uns queridos.

Namorados

Durante o jantar...

- Pernas, conheces aquele restaurante o Caipirão? Achas que vale a pena lá ir?

- O Caipirão? O que é que queres saber.

- Falei com a Susana e ela diz que se come bem e não é caro. Estava a pensar lá ir...

- Não é mau. Mas não é do tipo de restaurante para onde leves o namorado.

- ?????

- É muito barulhento e cheio de grupos grandes. Experimenta aquele dos grelhados atrás da escola.

- Será que aí servem só grelhados? É que o Jonas não come nada disso. Achas que há lá comida para peixe?

- Tu e o peixe...não sei quando é que te deixas disso. Sempre com o peixe para todo o lado. Isso nunca mais acaba?

-És mesmo tolo! Claro que acaba, acaba quando arranjar namorado....Daaaaaaa

Os telemóveis da Ana by Jonas Peixe

Loura: Então agora já não respondes aos meus SMS?

Ana: Os teus SMS enormes e dramáticos que me mandas em vez de telefonar só para não gastar dinheiro porque depois sabes que eu te telefono? Não tenho recebido nada.

Loura: Mas eu tenho enviado...

Ana: Tenho o telemóvel avariado. Bloqueia sempre que recebo uma chamada ou um sms. Tenho que arranjar outro

Loura: Outra vez! Contigo os telemóveis não duram lá grande coisa.

Ana: Na volta avariam por causa das tuas mensagens da treta.

Loura: Ah! Agora eu é tenho culpa de tu não conseguires manter o mesmo telemóvel por mais de seis meses. Essa é boa!

Ana: Para tua informação tive um telemóvel aqui há uns anos que bloqueou por tua causa! Tenho a certeza. Tu nunca gostaste dele e fazias tudo para eu o perder. Tudo!

Loura: Não estamos a falar de telemóveis pois não? E NÃO ME DIGAS OUTRA VEZ QUE ISTO NÃO É UMA METÁFORA OUVISTE!

Ana: Não excessivamente, não excessivamente...

Destino

Conversa de mãe e filho:
- Diz-me só uma coisa, diz o Júnior com voz determinada, o teu pai era mais irritante do que o meu pai ou era igual?
- Não Júnior, o meu pai não era irritante. O teu pai é bem mais irritante do que o meu.
- Vês! Recebeste uma vida melhor do que a minha!

One night stand

Segunda de manhã depois desta noite de domingo estou passado e assim que ela entra no escritório disparo:

-Da próxima vez desliga o teu telemóvel antes de ires dormir. Passei a noite com os pi-pis das mensagens. Tens umas 10.

- Dez mensagens? Mas eu nunca tenho mensagens! Lê lá isso.

- São do gajo de ontem à noite:

- Ana??

- Estás a receber as minhas mensagens?

- Anda lá responde-me

- Porque ontem n me resp mais?

- Pára, Jonas, pára. O tipo não bate bem!

- Tu é que és uma insensível. (risos molhados) É óbvio que este Marco não aceita que aquilo de ontem foi apenas one night stand via sms. Manda-lhe ao menos um a dizer que também foi bom para ti.

Aqui começo a engasgar-me de tanto rir com a cara dela quando de repente se vira para mim e me diz:

- Para ti só tenho uma última palavra: IOGURTE.

As gajas gostam mesmo de infectar feridas. É do caraças!

De como a Ana sente falta daquela pizza e de como se sente em baixo por não a ter comido e como não sabe quando a voltará a comer...

Assim que ela entra em casa percebo que vem desanimada. Só não sei porquê.


- Não me digas nada Jonas. Hoje estou mesmo em baixo.

- ?

- Sabes aquela pizzaria que eu gosto? Pois é continua fechada e nem sei quando voltará a abrir. Até já tentei ligar não sei quantos vezes para o número de telefone que tenho e nada. Tenho tanta vontade de comer pizza que não penso em outra coisa.

- ?

- Pois é! Foi isso que fiz hoje: tentei uma pizzaria nova e fiquei ainda pior.

- ?

- Não! Até que tinha bom aspecto. É maior e mais arejada mas o que é que queres acabei a pizza em sofrimento. Para te dizer a verdade só comi para não dar parte de fraca e já nem quis provar a sobremesa.

- ...

- Estou de rastos, Jonas. Estou completamente dependente daquela pizza...logo eu que não sou de dependências. Tenho dias em sonho que estou a comê-la, sinto aquele queijo delicioso na minha boca, aqueles cogumelos entre os dentes...mas depois acordo e nada.

- Não estarás a exagerar? Dá um tempo e depois voltas a tentar. Pode ser que a pizzaria volte a abrir.

-Pois é! E entretanto como o quê? Podes-me explicar?

- Isso anda mesmo mal. Olha! Porque é que não fazes uma espera à pizza?

- BOLAS! JONAS! ISTO NÃO É UMA METÁFORA!

SMS

Domingo à noite via SMS:




- Olá priminha ta tdo bem?


- Não conheço o número...


- Sera que me enganei


- Não sei...primos não me faltam :)


- Lol, como te chamas?


- Ana. E tu?


- Sou o marco, realmente n tenho nenhuma prima ana. Es do porto ou gaia


- É a vida! Afinal n somos parentes. Bolas lol


- Lool fiz confusao! Peco desculpa... Mas es d gaia ou do porto?


- Lisboa.


- Es de longe. Ja agora prazer!


- Então até à próxima


- Que idade tens ja ag?


- Ja sou grande marco e tu?


- Eu tb sou grande lol mas que idade tens


- Digamos que já não ando na escola :)


- Eu tb n ando na escola ja trabalho desde que acabei o curso


- Tenho que ir


- Que ir a onde?


- Jantar


- Dps mandas-me uma mgs?



...



- Oh, Ana é capaz de me explicar porque te dás ao trabalho destas porcarias?

- Quais porcarias Jonas?

- SMS com desconhecidos

- Sei lá!

- É patético.

- E isto vindo do peixe que não serve nem para comer um iogurte...

- O que é que isso quer dizer?

- Nada. Olha é isso mesmo: NADA! é o que sabes fazer...

A melhor e quiça a única maneira de combater a insatisfação salarial no aquário

Pela manhã.
- Até logo Jonas vou para o meu voluntariado.
- Vais fazer o quê?
- Então, vou para mais um dia de voluntariado!
- Mas tu não ias trabalhar?
- E vou! Só que decidi parar de pensar no meu trabalho como trabalho e passei a vê-lo como voluntariado. Assim ando muito mais satisfeita e já não me queixo tanto do meu magro salário. Agora já não sou uma funcionária sem aumentos salariais reais há anos. Sou antes uma voluntária com direito a ajudas de custo para almoço e transportes. Sinto-me assim como se tivesse sido promovida.
- Tens razão, babe. É muuuuuuito mais aliciante.

Fiat Uno Branco

Loura: Estás a pesquisar o quê na net?

Ana: Olha, estou aqui a tentar perceber que carro poderei comprar se acontecer alguma coisa ao meu e as notícias são pouco animadoras...com esta crise provavelmente só poderia comprar uma coisa deste género.

Loura: Um Fiat Uno em segunda mão? Não me parece nada mal. É pequeno e fácil de estacionar. Se calhar do que não gostas é da cor...Tu não gostas de carros brancos, não é?

Ana: Não é só não gostar da cor. Eu não gosto é de carros pequenos. Não estou habituada. Sempre tive carros grandes. Acho que não me conseguia habituar a uma coisinha assim. Digo-te mais, mesmo que este carro fosse preto não o queria para nada. É mínimo. Preciso mesmo de um carro grande para me sentir segura na estrada.

Loura: Estou a ver...

Ana: Agora diz-me aonde é que eu vou arranjar um carro grande e preto pelo preço de um carro pequeno e branco como este!

Silêncio.

Loura: Se eu fosse a ti não me preocupava. Tu afinal tens um carro de que gostas, grande e escuro, e segundo sei esses carros são mais resistentes do que os outros por isso avariam menos vezes...para além disso também consta que o tipo de carro que tu gostas se consegue sem ter que pagar muito parece até que gostam mais do que os outros de ser conduzidos por pessoas que gostam de os conduzir e ...

Ana: Pára! Pára! Do que é tu estás a falar afinal?!

Loura: Então...estou a desenvolver a tua metáfora automóvel sobre aquilo que já sabes: carros brancos e carros pretos, suas vantagens e desvantagens

Ana: Mas qual metáfora?!

Loura: Ah! Não era uma metáfora (suspiro triste) nunca consigo perceber se estás com metáforas ou não. Nunca vou conseguir (outro suspiro desolado). Podemos ao menos considerar isto uma metáfora inconsciente, podemos?

Ana: Loura, tu estás cheia de boas ideias.

Fratria aka Caim e Abel

No Sábado o telefone tocou p´raí uma 10 vezes...parece que a Lhena estava mal da barriga e sempre que vomitava lá do outro lado do oceano telefonava a relatar a coisa e a pedir conselhos.

De uma das vezes a Ana atendeu:

- Olá! Então já estás melhor?

- Ah! És tu. Não. Ainda me sinto mal, acabei agora mesmo de vomitar na cozinha o chão e as paredes todas.
- Isso está mesmo mal...
- Pois é. Então mas diz lá a mãe diz que foste beber café com uma amiga...tu nunca sais de casa para ir ao café e muito menos para ir ter com uma amiga...O que é que se passa?

- É uma colega minha lá do trabalho. Conheci-a há duas semanas e desde esse dia já recebi 23 SMS dela! Logo que chego à minha secretária vem sentar-se ao pé de mim e é assim todos os dias. Fala, fala, fala...e gosta tanto de mim que até já fez uma proposta à chefia para eu ter o meu próprio gabinete para coordenar com três funcionários e tudo...Estou à espera da resposta. Quer que eu vá com ela às compras e como não vou traz sacos e sacos de coisas que compra só para me mostrar. No outro dia até comprou um casaco para mim só que não me servia. Também já me convidou para passar férias com ela e a família dela. Adoptou-me e pronto. Logo eu que gosto tanto de estar sozinha. (suspiro) Não sei que fazer e lá acabei hoje por ir beber café com ela. Estou um bocado em baixo com tanta atenção.

- É assustador...Mas pensando bem ela reúne pelo menos uma das condições para ser tua amiga.

- Não te percebo.

- Então? A doença mental. Os teus amigos têm todos pelo menos uma destas características: ou são doentes mentais, ou são minorias étnicas ou são minorias religiosas. (riso). Há até O caso paradigmático daquele teu amigo que reúne as três características. (riso). Os restantes são assim combinação qualquer dessas três. (riso)

Risos transatlânticos.
Silêncio.

- Já te sentes melhor, não é?

- Tens razão. Fez-me mesmo bem falar contigo. Agora passa-me a mãe.

...

- Jonas, de repente fiquei com vontade de fazer uma pequena recriação bíblica...
- Metaforicamente, claro?
- Não excessivamente, não excessivamente....
:(

Um sistema de vídeo-vigilância concebido por uma criança de seis anos

Câmara de filmar já montada debaixo das escadas

No dia seguinte a esta conversa.

-Estás a fazer o quê aí debaixo das escadas?, espreita a mãe já naquela deliciosa posição de rabo para o ar.

- Estou a montar o meu sistema de vídeo-vigilância.

- Parece que é complicado! Será que és capaz? É que tu só tens 6 anos.

- O mamã, diz com ar paternal, é fácil. Monto uma câmara de filmar debaixo da escada com uma "pence", tiro a "pence" e envio num buraquinho do computador e descarrego as imagens para ver tudo. Agora só tenho que dirigir o suporte da câmara para a porta da rua. É mesmo muito fácil.

- Pois é. Mas diz-me lá o que é que te deu na cabeça para montares um sistema assim de repente?

-É simples. Temos que proteger a nossa casa daquele senhor que tu e a avó conhecem que é um grande ladrão, não me lembro agora o nome dele. Assim quando ele tentar entrar cá em casa, porque vai tentar de certeza, e quiser roubar o meu dinheireiro eu filmo tudo e entrego à polícia e pronto ele é apanhado.

Nessa altura a Ana levanta-se com ar meio desanimado...

- Vais ter que pensar em outro plano fofinho...esse das escutas e gravações já foi tentado e não funcionou....

rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs

Ali Baba

Imagem retirada aqui.

-Papá, quase grita o miúdo assim que o pai se senta à mesa, sabes que a avó e a mãe estiveram hoje ao almoço a contar-me a história daquele ladrão que elas as duas conhecem, mas que agora não me lembro o nome...Sabes? Aquele que é o maior ladrão da nossa cidade, aquele que rouba tudo.

-Da nossa cidade não. Ele é o maior assaltante do nosso país. Rouba de norte a sul, todo país, diz a avó.

-Então, mamã, ladrão e assaltante é a mesma coisa? E como é que ele consegue estar em todo o lado?

- É simples fofinho, ele tem uma quadrilha. É assim uma espécie de grupo de amigos que roubam por ele.

- Amigos, não, ressalva o Júnior de dedo indicador em riste, eu acho que não são amigos, são ajudantes! Os ladrões têm é ajudantes!

- Este meu neto é tão esperto, soluça a avó emocionada.

- Mas afinal, diz o Pernas já com aquele ar desanimado tipo"eu não devia ter cá vindo jantar, o que é que me passou pela cabeça para não inventar uma desculpa qualquer", mas afinal repete interrompendo a algazarra familiar, de quem é que vocês estão a falar?

- Ora, senhor, responde a avó, quem poderá ser? É o Sócrates claro!

- Daaaaaaaaa, faz o Júnior.

- Daaaaaaaaa fazem a Avó, a Boneca e Ana também.

PS: Se este blogue publicar mais alguma coisa nos próximos dias só prova que o gajo não é assim tão mau como dizem.

Daaaaaaaaaaa...

De fuga para o Brasil

- TEFONE! TEFONE!, grita a Boneca toda satisfeita por estar a ajudar.


A Ana atende.


- Olá! Estás bom?


- Se estou bom!? Se estou bom!? Estou na merda o que é que achas?! É uma merda, continua a gritar com aquela voz grossa, e para começar podes tirar isso do altifalante e atender como deve ser, não ? Não há necessidade da tua mãe ouvir a nossa conversa.


- Não tenho isto em alta-voz, mente ela descaradamente, e para além disso com a tua gritaria colocar isto em alta-voz seria perfeitamente redundante. Não te preocupes estou cá em cima na casa de banho e ninguém nos ouve.


- Na casa-de-banho? Tu estás a a falar comigo e a cagar ao mesmo tempo?


- Não estou nada, pá! Fechei-me aqui para falar contigo.


- Então também não estás nua?


- Bolas! O que é que tu tens com isso!


- Desculpa. É o hábito. Desculpa...mas já agora estás ou não estás?


- Mas afinal o que é tu tens?


- Ora, o que é eu tenho? Estou na merda! Ela saiu de casa. Não me quer ver mais e diz que já não gosta de mim. Estou farto de chorar. Não sei o que hei-de fazer.


- Mas tu já não estavas à espera disto?


- Um gajo nunca espera uma merda destas não achas? Como é que aquela gaja deixou de gostar de mim assim de repente? Não dá para perceber, não dá. Tenho a certeza de que ela ainda gosta mim.


- Se calhar percebeu que não precisa de ti para nada e tomou uma decisão.


- Não precisa de mim para nada!? Porra, pá! Tu tens-me em grande conta. Porra! É só isso que me tens para dizer. Olha, eu não vou desistir, se queres saber. Vou lutar por ela até ao fim, vais ver. Eu sou gajo para mudar completamente por ela.


- Então, mas olha lá, se tu não mudaste nestes últimos 10 anos, por ela, vais mudar agora de repente? Não dá.


- Então para a ti as pessoas nunca mudam? Tu não acreditas em ninguém é o que é! Eu não vou desistir e pronto se não conseguir paciência mas fico com a consciência tranquila que tentei tudo.


- Que tentaste tudo depois de ela sair de casa...


- O que é que queres dizer com isso? Assumo! Assumo que só agora que ela não está que percebo que errei. Os fins-de-semana são horríveis aqui em casa, tudo me faz lembrar ela, tudo.


- Tu tens é que te distrair enquanto isso não se resolve. Por que é que não convidas uma tipa qualquer para sair?


- Não me apetece, não me apetece fazer nada.


Suspiro desanimado.


- Não tarda nada estamos os dois divorciados. O que, pensando bem, até não é mau.


Silêncio.


- Não sei o que te diga.


- Pois, a verdade é que se calhar tu nunca te vais conseguir divorciar e eu fico para aqui sozinho. Já pensaste que se estivessemos os dois divorciados podíamos ir os dois ao Brasil?


- Eu não sei se quero ir ao Brasil...


- Ou outro sítio qualquer. Porra! Tu és minha amiga. Vou precisar do teu apoio.



- Não achas que estás a pedir um bocadinho demais? As minhas amigas nunca me pediram nada do género. O máximo que me pedem é que vá com elas à casa de banho ou qualquer coisa assim.



- Cala-te! Tu és lá gaja para ter amigas. Tens-me a mim e mais dois ou três tipos que gostam de malucas e é tudo.



- Nisso és capaz de ter razão...



- Estou a contar contigo! Agora vou desligar, já me sinto melhor e vou comer qualquer coisa.



PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII



Ela descarrega o autoclismo.



-Jonas...

- ?

- Continuo sem saber se quero ir ao Brasil...

Mas já chegámos à Madeira!?

Terça-feira, quatro da tarde.
A Ana pedala furiosamente na sua bicicleta elíptica enquanto eu nado cheio de energia à volta do meu aquário redondo. Work out time, people.
Toca o telefone mas ninguém atende, a avó dorme no sofá do quarto dela, a cabeça numa posição anatomicamente impossível e não ouve nada apesar dos gritos da Boneca.
-VOVÓ O TEFONE! VOVÓ O TEFONE!
Nada!
A Ana salta da elíptica ainda a correr, agarra no telefone coloca aquilo em alta-voz e atende.
Do outro lado oiço a voz de um tipo carregada de pronúncia alentejana.
- Ana? Estás boa? Estás com uma voz esquisita. O que é que estás a fazer?
- Estou a treinar na elíptica, estou um bocadinho ofegante é só isso.
- Estás nua?
- Nãããããõ...eu não tenho o hábito de fazer ginástica nua.
- Então estás com uns calções curtinhos e um top, não é?, diz o tipo com voz animada.
- E se estivesse?
- Diz-me ao menos que a roupa é bastante transparente!
- Olha, isto não se vai tornar num daqueles telefonemas tipo heavy breather pois não? Género tarado, não, pois não? É que eu sei quem tu és.
Risos.
Silêncio.
- Liguei-te para te perguntar se está tudo bem com aquela tua amiga da Madeira. É que tenho andado ocupado e só hoje é que me apercebi que aquilo do sábado passado foi mesmo em grande. Sabes alguma coisa dela?
- Da Carla? Está tudo bem com ela...pronto! rua dela já não existe e tem pedras até meio da janelas do piso térreo e para além disso a vista da casa dela é a daquela ribeira que se vê na tv cheia de carros. Mas tirando isso está tudo bem.
Risos.
Silêncio.
- Falei com o teu irmão. Já sei que também se divorciou. Pareceu-me bem.
- Então não há-de estar bem? Finalmente caiu na realidade. Aterrou. Do melhor. E era o que tu devias fazer. Se queres que te diga não percebo o que é que ainda fazes casada!
- Mas será assim tão bom ser divorciado? Não me digas que é só acção.
- Do mais.
Silêncio.
- Agora a sério, é meio parado...mas tenho algumas coisas em vista.
Risos.
- Não sei como aguentas continuar casada! Bom era voltarmos à Madeira. Até tive a pensar que se te divorciasses até ao verão podíamos combinar e ir passar umas férias à Madeira. A malta ia divertir-se furiosamente!
- Deixa ver se eu percebi bem: tu queres que eu me divorcie para podermos ir à Madeira no verão...
- Mais coisa menos coisa é isso. Eu depois telefono.

PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

-Jonas, diz ela desligando o telefone, põe isto por escrito por favor. Tenho esperança que ao ler a conversa consiga perceber realmente o que se passou aqui...

Iogurte fora de prazo

- Jonas, diz-me ela com aquele ar cansado, sinto-me um iogurte fora de prazo.
- Um iogurte fora de prazo? Sabes lá tu o que é um iogurte fora de prazo?, digo para tentar animá-la. Como é que te podes sentir um iogurte fora de prazo!? Olha, um iogurte fora de prazo não serve para nada. Por exemplo, ninguém quer comer um iogurte fora de prazo.
- Exactamente, suspira ela arrastando-se para o sofá.
- Não era bem isto que eu queria dizer, ainda acrescentei, não sou muito bom em metáforas.
- Tu não és bom em nada Jonas. Em nada. Nem sequer serves para comer um iogurte!
- É uma metáfora não é?
- Não excessivamente...

PORRA PRÁS METÁFORAS!

Sabedoria chinesa

A grande metáfora ou como quase acabei na barriga de um gato

Ana: Vou desfazer-me do peixe.

Loira: Vais dar o Jonas!? Mas porquê? Tu gostas tanto do teu peixe...Gostas da cor dele, dos olhinhos esbugalhados...estás sempre a falar disso.

Ana: Exactamente

Loura: Exactamente, o quê?

Ana: Gosto é claro mas acho que gosto dele mais do que ele gosta de mim.

Loura: É um peixe...É claro que gosta de ti à sua maneira mas não podes esperar que se comporte como um cão ou um gato.

Ana: Olha, não sei. Vou dá-lo e pronto. O nosso relacionamento é desigual. Não me liga nenhuma. Por exemplo, quando chego a casa se não for eu a dar um toque no aquário nem olha para mim. De vez em quando poderia ser ele a aproximar-se do vidro e tomar a iniciativa, não achas?

Loura: Ouve, os peixes são assim...

Ana: Queres ficar com ele?

Loura: Eu já tenho um gato se o levo já sabes o que pode acontecer.

Ana: Vou deitá-lo fora então.

Loura: OK eu levo o peixe. E agora vais ficar sem nenhum bicho em casa...

Ana: Arranjo outro. Eu sou lá mulher de ficar sem animal de estimação por muito tempo!

Loura: Vais comprar um pássaro?

Ana: Não. Vou arranjar um peixinho dourado.

Loura: Tu não gostas de peixes dourados. Toda a gente sabe que só gostas de peixes pretos! Então para que queres arranjar um peixe dourado?

Ana: Ora aí está! A relação vai ficar muito mais equilibrada e para além disso o Jonas não sabe que eu não gosto de peixinhos dourados e vai ficar cheio de ciúmes quando souber que eu arranjei um desses muito rapidamente e já o substituí!

Loura: Estou a ver...Nós não estamos a falar do peixe Jonas , pois não?

Ana: Não, nem por isso.

Loura: A conversa não é então sobre animais de estimação?

Ana: Não excessivamente.

rsrsrsrsrsrsrsrsrsrs

A mãe avião, um no chão e dois a voar...

Letra P!

O ditado. Mais aqui.

Pedidos especiais...

- Mamã, já viste isto?, pergunta o Júnior, mostrando um poster do esqueleto humano.

- ?

- Quando estiver no quarto ano vou aprender isto e vou precisar disto. Eu sei porque já vi os meninos do quarto ano com um desenho de um esqueleto dentro da mochila.

- !

- Mamã, diz muito entusiasmado como se tivesse de repente uma ideia brilhante, tens que me prometer uma coisa! Tens que prometer que vamos ao cemitério onde o avô Moisés está enterrado para destapar aquilo e ver como é que o avô ficou ao fim deste tempo todo.

- ...

- Não podemos! Mas porque é que não podemos? Olha então já sei, quanto tu morreres mandas-me uma carta com uma fotografia tua em esqueleto para eu ver como tu ficaste. Prometes?

8-)

(...e eu a pensar que ao pedir ás minhas babes fotografias delas nuas estava a ser arrojado...)

Girls just wanna have fun...

- Não gosto de te ver assim, diz o Pernas entrando no escritório. A sério, continua ele, tens que fazer alguma coisa. Olha, porque não telefonas a alguém e vais dar uma volta? Descontrais um bocadinho. Fazia-te bem.
- É. Gostava mesmo de ir jantar fora, descontrair, conversar e depois ir dançar um bocadinho, diz a Ana, já mais animada.
- É isso mesmo. Vai jantar com alguém, depois dás uma volta por um bar ou assim. Vês outras pessoas e ficas mais animada.
- :(
- Não me digas que não tens com quem sair. Porque é que não telefonas ao Fernando? Esse está sempre pronto para a farra e vocês os dois divertem-se sempre tanto juntos.
- :(
- Ele está sem a carta mas tu podes levar o teu carro. Vá mexe-te, liga-lhe e veste qualquer coisa tipo fato de mergulho e diverte-te.
- :(
- Pois tens razão. Assim não podes beber nada...Fazemos assim: quando estiveres despachada ligas-me e eu vou buscar-te a Lisboa. A sério que não me custa nada. Lá pelas 8 da manhã estou de certeza acordado.
-:(
- Bom, então ao menos promete-me que quando acabares essa coisa do trabalho vais descontrair um bocadinho. Tiras uns dias e vais para fora. Combinas com alguém e vais. Alguma pessoa com quem te apeteça realmente estar. Podias por exemplo ir passar uns dias aos Açores ou outro sítio qualquer que te apetecesse. Promete-me. Não gosta nada de ter ver assim tão sem energia.

É impressão minha ou isto é um nadinha estranho...

De caixão à cova

E que dizer daquele que todos os meses tem pelo menos um velório ao fim do dia que se prolonga pela noite fora? Tem um ar apagadinho e logo por azar só trabalha com pessoas com familiares que não resistem a praticamente quase nada. Morrem constantemente e depois a solidariedade do tipo é tanta que quer estar presente neste momento de dor.

Eh, pá! Eu até acho a ideia genial. Excelente desculpa. Passa por gajo sensível enquanto vai molhando a palhinha com quem lhe dá na bolha.

Hoje era a mulher do ex-chefe que teria morrido só que a meio da conversa já dizia que era a mãe do ex-chefe.

Mas afinal morreu a família toda do tipo?

A primeira regra é simples people: get your story right first!

A segunda regra ainda é mais básica: a mulher que ouve isto sem pestanejar está completamente a cagar para o tipo e o mais provável é que ande a comer o gajo da funerária!

rsrsrsrsrsrsrsrrsr

Um gajo também sente!

Um amigo meu, companheiro das mais loucas aventuras e cavalgarias, telefonou-me ontem para me dizer que se vai divorciar.

Pensei logo que ela, a mulher, o teria apanhado com as calças na mão. Afinal ele anda sempre com elas em baixo, graças a Deus.

Mas não. Que não. Que tirando aquilo do bâton na camisa, tirando o caso da espanhola e um ou outro sms da tanga que não havia nada de novo. Até porque desde que tem um segundo cartão para o telemóvel as mastronças já sabem para onde devem ligar. Parece que o que ela não suporta é que ele tenha ido a uma casa de strip. Vai-se lá compreender as mulheres.


Ouvi o desabafo do gajo sem ter que dizer quase nada. Quando um gajo desabafa o outro está calado, não se põe a analisar as makas como as gajas fazem. Um gajo diz coisas de incentivo solidário tipo porra! fdp! porco! caga nisso! e outros mimos intemporais.

Ela não tem nada contra mim, nada. Como ele diz e muito bem ela não tem nada, nadinha que dizer dele. Mesmo que tivesse um gajo nega sempre, nega sempre, nega sempre. Vai-se lá compreender as mulheres.

A verdade é que por motivos que não vêem ao caso ela percebeu que não precisa dele para nada. Tem a lata de desvalorizar os préstimos do tipo, a ida semanal ao supermercado, a presença esporádica ao jantar e mais! ele é gajo para entreter a filha p´rai uns 15 minutos por dia .

Porra não se faz, Jonas, meu. Agora na volta chego aos 50 anos, se chegar lá porque estou todo roto, as gajas acabam comigo! sozinho. Sim tens razão tenho sempre as mastronças mas nenhuma é como ela. Ela é única. Mas pronto não posso ter tudo.

Sim, sou um porco meu mas não me aguento. Tenho um animal dentro de mim. Não consigo mudar e elas gostam meu, elas gostam.

Nã, custa-me um bocadinho pensar que me vou divorciar quando estou ao pé dela mas depois quando não estou com ela nem me lembro dessa porcaria. Sou mau pai, sou mau marido mas as outras gajas atiram-se cá com uma vontade. São uma malucas.

Não, não dá para reparar nada... Olha a parte boa é que vou ter mais tempo para sair contigo. Temos que combinar uma cena qualquer do caraças.

Sim, é verdade que estou meio chateado. E pá, tá bem sou um fdp, mas sempre a tratei bem e ela agora fala mal pra mim, anda com má cara.

Não, ela fala, fala é mal comigo desde que esta merda do divórcio se lhe meteu na cabeça não me liga nenhuma. Porra! Vê lá que quando me vê nem me dá um beijo. Oh, pá não acho justo, custa-me, é só isso.

Um gajo também tem sentimentos.

Pois tem. Um gajo também tem sentimentos...e se tudo correr bem ele e eu vamos afogá-los um dia destes.

A Invasão Chinesa

People,

então é assim, tive a activar a moderação de comentários na esperança que o chinês fdp que está a vandalizar o meu blogue com comentários da treta pare.

É assim, estes gajos da china, para compensar um pixim tipo salsicha de cocktail arranjam estas porras.

Boadona

Estava a passear pelo Terra Longe e quando chego aqui vejo isto:

No mesmo instante oiço a vozinha infantil da Boneca perto de mim que meio surpreendida diz:

- É a mamã.

Para no segundo seguinte afirmar ufana:

- É a minha mamã! É a mamã da Boneca.

Está então provado, (como se houvessem dúvidas!) que a gaja com quem eu vivo é uma boazona....

rsrsrsrssrsrsrrsrsrrs

O piano

A Boneca senta-se na pequena cadeira de madeira branca em frente à enorme estante de livros do corredor e finge tocar piano na prateleira que está mais próxima. Muito sossegada.

O Didai chega e pergunta o que é que ela está a fazer.

- É um piano, responde a Boneca, continuando a tocar.

Em segundos o Didai faz um gesto brusco e rouba-lhe o piano imaginário gritando:

-Também quero!

Ela puxa o piano e tira-lho voltando a sentar-se a tocar.

-Ganhei!, diz toda contente.

O Didai volta a puxar o piano gritando que é dele e os dois acabam por lutar rolando pelo chão. Os dois querem o piano.

O Didai tira-lhe o piano e a Boneca começa a chorar muito alto atraindo a atenção dos adultos.

Quando tem atenção dos adultos explica muito desconsolada que o primo lhe tirou o piano.

-Mas eles têm algum piano?, perguntam os adultos meio confusos.

A Boneca aproveita este momento de distracção e recupera o piano gritando:

- É meu!

Foi assim durante quase três semanas. Nos primeiros tempos os miúdos disputaram os brinquedos reais e depois? Fartaram-se e passaram, com o mesmo fervor, a disputar os brinquedos imaginários.

Chega a ser assustador, people!

Feliz Ano Novo 2010

Aqui o Jonas passou um fim-de-ano em grande num aquário topo de gama rodeado de babes loiras!
Bela foto para um Ano Novo que vai ser bom cómo caraças.